Márcio Didier
Há uma expressão derivada do futebol na qual afirma que a pessoa, quando faz boa leitura da partida, ele joga y joga. Quando transportado para a política, é possível enquadrar o presidente estadual do PP, o deputado federal Eduardo da Fonte, nessa condição. A convenção do partido no Recife, que ratificou como presidente o deputado federal Lula da Fonte, seu filho, reuniu os dois lados mais fortes da política no Estado atualmente: a governadora Raquel Lyra e a tropa do PSB (com Pedro Campos, Sileno Guedes e Rodrigo Farias) do outro. E o PP no centro. Nunca o termo centro pôde ser tão bem utilizado para definir um partido.
Com a eleição do Recife sendo considerada como uma prévia de 2026 e as pesquisas apontando o prefeito João Campos com boa margem para conquistar a reeleição, a disputa que se apresenta é para ampliar a vantagem do socialista ou diminuí-la, até, se possível, chegar ao segundo turno, quando a eleição é zerada e tudo começa de novo.
O PP elegeu a quarta maior bancada para a Câmara Federal em 2022, com 47 deputados. Isso representa tempo de TV. E se tem uma coisa que é levada em conta na formação das alianças é quanto tempo de tela cada partido tem para ajudar o seu candidato. Isso sem falar nos oito deputados estaduais, a maior bancada de apoio à governadora Raquel Lyra na Assembleia Legislativa.
Eduardo da Fonte sabe o poder que tem. E sabe usar como poucos essa força. Está no governo Raquel Lyra com alguns órgãos, com a possibilidade de assumir a Secretaria de Turismo, mas não deixa de flertar com a oposição, personificada atualmente na figura de João Campos.
Quem tem prazo e opções de escolha, tem tudo. E o PP tem todo o tempo do mundo e diversos caminhos para uma definição no Recife. Ou permanece onde está, ao lado de Raquel e seu virtual candidato Daniel Coelho. Ou se alinha a João Campos. Ou ainda lança uma candidatura própria no Recife. Todas são alternativas viáveis. Tudo dentro do radar de Eduardo da Fonte, que joga a definição para frente.
Foto: ítalo Pereira