Uma parte da história da boemia de Olinda foi embora neste domingo (10), numa noite nublada, mas festiva de prévias de Carnaval. Durante 45 anos, uma pequena porta situada à Rua do Sol, 09, no Bairro do Carmo, em Olinda, foi parada obrigatória para os notívagos da cidade, que se reuniam para tomar uma e falar sobre todos os assuntos, numa das mesas dispostas sobre o piso gasto da Praça Maxambomba. Nesta madrugada de Olinda, essa pequena porta se fechou, colocando fim ao ciclo de um dos mais longevos bares de Olinda, o Bar Aritana.
Desacordo
Os rumores sobre o fechamento do Aritana já corriam as ruas da Cidade Alta há alguns meses. Um desacordo entre o proprietário do espaço e os donos do bar sobre o valor do aluguel teria levado a esse desfecho. A proprietária do bar, Juci, disse que é uma longa história, mas não entrou em detalhes. Disse que é uma longa história e que falaria sobre isso depois. Em posts no Instagram do bar, fala em fim do ciclo. Mas também acrescenta que haverá um recomeço.
“Hoje a noite começou assim, como se o céu estivesse chorando. Estamos finalizando um ciclo, como tudo nessa vida, tudo tem um começo, meio e fim. Porém, tivemos o começo, tivemos o meio, e teremos um recomeço. O bar aritana ficará na memória com muitas boas lembranças, risadas, boas conversas, e até aquela cervejinha gelada da noite, né? Apoio, carinho, palavras de afeto e coragem para seguir em frente foi o que recebi hoje”, diz o texto, que fala sobre o fechamento, assinado por Juci, filha de Givaldo, o Aritana, que deu o nome ao bar e faleceu em 2000.
O fim na madrugada
Por telefone, na manhã desta segunda-feira (11), Juci ainda curtia a ressaca pelo fechamento. Disse que ainda estava muito cansada, pois os amigos-frequentadores não queriam ir embora. Diziam que o Aritana não poderia fechar. E essa pisada foi até às 4h da manhã, quando acabou a última cerveja, e a noite e os 45 anos de história chegaram ao fim.
Juci disse que o carinho a fez pensar em reabrir o Bar Aritana em outro ponto. Mas que isso só será discutido mais na frente, em 2024. O momento agora, diz, é de “curtir o luto”.
“Ontem foi mesmo que uma morte para mim”, encerra Juci.