As eleições sempre como pano de fundo. Coisas da política

Márcio Didier

Em uma sexta-feira de muita movimentação política no Recife, o destaque fica por conta do retorno do grupo à aliança com o PSB, partido muito criticado por Miguel Coelho quando candidato ao Governo, no ano passado. Mas também ganhou destaque maior a entrevista que a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, dará na capital pernambucana, após as críticas dela à Justiça eleitoral.

A dirigente petista está em Pernambuco para referendar o ingresso no partido do pré-candidato à Prefeitura de Jaboatão, Elias Gomes. Ele tem uma tradição de militância no centro-esquerda. Mas uma passagem da sua carreira política mostra um distanciamento do PT num momento crucial na história política brasileira.

Durante o impeachment da presidente Dilma, Elias não só integrava o PSDB, partido que liderou todo o processo, como também ocupava a vice-presidência estadual da sigla. Na época, ele classificou o impeachment como um “remédio amargo, mas necessário”. Neste sábado, Elias Gomes ingressa no PT com pompa e circunstância, com direito à presença da presidente da legenda. Coisas da política.

Já Gleisi criticou, na última quarta-feira as multas aplicadas pela Justiça Eleitoral aos partidos, que muitas vezes invibializam o funcionamento das agremiações. O que faltou dizer é que tem legenda, que não é o caso do PT, que fique claro, que até helicóptero comprou com o fundo partidário. Também criticou que a Justiça Eleitoral tem um orçamento de R$ 10,7 bi, dos quais R$ 1,2 destinados ao fundo que é dividido entre os partidos. “Ou seja: a estrutura que fiscaliza os partidos custa 9 vezes mais do que os fundos fiscalizados”, disse. O Congresso Nacional consome anualmente R$ 13 bilhões. Isso sem contra com as emedas que os parlamentares têm direito. Coisas da política.

À Tarde, também com muita pompa, o Grupo Coelho volta a fazer parceria com o PSB, partido que foi ninho de quase todos os ocupantes em épocas passadas. O acordo foi uma forma de revide de João Campos e dos próprios Coelhos à ofensiva da governadora Raquel Lyra ao tirar o PSD do arco de aliança da Prefeitura do Recife e invibializar o ingresso dos Coelhos na legenda. Acordo que mira nas eleições de 2026, quando ainda nem chegamos a 2024. Coisas da política.

E assim, de contradição aqui, acordo ali e revide acolá, caminha a política. Com a eleição a cada dois anos, as articulações nunca param e disputam espaço generoso com as administrações das cidades, estados e do Brasil.

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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