Um debate oco sobre Olinda, com algumas frases de efeito e poucas propostas

O debate entre os candidatos de Olinda teve troca de acusações e cadeira vazia

Um debate marcado pela ausência de um candidato, com direito à cadeira vazia, críticas à candidata oficial da gestão e muitas provocações. O encontro entre os candidatos a prefeito de Olinda, ocorrido na tarde desta terça-feira (10), era um espaço aberto para ideias e propostas para a cidade patrimônio, mas acabou num embate provinciano em que pouco se extraiu de propostas. Participaram os candidatos Antônio Campos (PRTB), Izabel Urquiza (PL), Márcio Botelho (PP) e Mirella Almeida (PSD).

A surpresa veio logo no inicio do debate, promovido pelo G1-PE e transmitido apenas pela internet. Candidato do PT à Prefeitura de Olinda, Vinícius Castello, não conseguiu chegar a tempo de participar do programa, um erro inconcebível, inadmissível, imperdoável para uma campanha majoritária. Uma desatenção que depõe contra Vinicius Castello e sua equipe.

Em vídeo, nas redes sociais, ele explicou que uma “questão de mobilidade” o impediu de chegar. Mas é a primeira vez que se vê um candidato não participar de um debate porque chegou atrasado.

Ele afirmou que ficou acertado que militância não ocuparia a frente da emissora e que ele cumpriu a promessa de não levar os seus aliados para lá. Mas, segundo ele, foram as torcidas dos seus adversários que impediram a sua chegada a tempo na emissora. No início da noite, a equipe de Vinicius divulgou uma nota justificando a ausência. Veja no final da matéria.

Quando o programa começou a cadeira do petista estava no estúdio, vazia. E isso foi muito explorado pelos adversários. A começar pela candidata do prefeito Professor Lupércio. Primeira a perguntar, afirmou que gostaria de dirigir a sua pergunta para Vinicius. E assim o fez, mesmo sem ele estar presente.

Mirella, inclusive, foi o alvo preferido dos adversários. Numa das primeiras investidas, o candidato do PP, o vice-prefeito Márcio Botelho, classificou a adversária de “marionete laranja do prefeito”, pelo fato de ela ter como padrinho político o gestor Professor Lupércio. Ela chegou a pedir direito, mas teve o recurso negado e Botelho continuou a chamando de “marionete” durante todo o programa, e ganhou o coro de Antônio Campos.

Em outro momento do debate, Mirella também foi classificada de “marajá”, pelo fato de ela, quando foi nomeada Secretária da Fazenda, ter recebido uma gratificação que elevava o seu salário para R$ 31 mil. O fato foi levado ao Tribunal de Contas do Estado, que se posicionou contra o pagamento da dessa diferença. Mirella admitiu que recebeu a gratificação, mas escorregou na resposta. Os adversários não exploraram mais o assunto.

Mirella, por sua vez, devolveu os ataques, classificando por duas vezes as colocações dos adversários como “fake news”.

Ela também foi para a ofensiva, quando questionou por que Izabel escondia o nome da sua mãe, a ex-prefeita Jacilda Urquisa, nas suas propagandas. Nas peças, a candidata do PL é apresentada como Izabel de Olinda. E ela argumentou que fazia isso pelo amor que tem à cidade. Justificou, mas não explicou.

Até incêndio de Olinda entrou no debate

Num dos momentos mais bem-humorados, o candidato Antônio Campos, ao criticar a gestão de Professor Lupércio, disparou: “Só quando os holandeses tocaram fogo em Olinda a cidade esteve tão destruída”.

No frigir dos ovos, em pouco mais de uma hora e meia de embate, se espremer, sai muito poucas propostas. Algumas frases de efeito, muita troca de acusações e candidatos visivelmente nervosos. Se o eleitor fosse definir seu voto pelo debate, votaria branco ou nulo. Um confronto oco.

Uma bela oportunidade de discutir Olinda desperdiçada, jogada fora. Que o próximo encontro seja com o quórum completo, sem atrasos, e mais produtivo.

Veja a nota de Vinícius Castello:

Nota à imprensa

É com pesar e humildade que o candidato à Prefeitura de Olinda, Vinicius Castello (PT), ressalta que não pôde compartilhar suas propostas e debater a cidade como arduamente tem se comprometido com a população. Questões pessoais e de mobilidade acarretaram no comparecimento do candidato ao prédio onde foi realizado o debate do G1, na tarde desta terça-feira, apenas dois minutos após o prazo estabelecido.

O candidato reconhece a importância do debate no processo eleitoral, reforça seu compromisso de estar presente nas próximas sabatinas e debates que porventura ocorram e reafirma, com muita firmeza, que está à disposição da população para apresentar suas propostas de construção no presente da Olinda do futuro, como tem feito nos últimos quatro anos como líder de oposição na Câmara de Olinda ao desgoverno da atual gestão e do seu projeto de continuidade.

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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