Em Olinda, entre apoios explícitos e camuflados, a indefinição é a única certeza

Mirella Almeida, Izabel Urquiza e Vinícius Castello se equilibram entre os apoios em Olinda

A Folha de Pernambuco traz nesta terça-feira (10) uma pesquisa que mostra dados interessantes. Apesar da margem de erro ser de 4,5 pontos, confirma resultados de levantamentos internos das campanhas, em que apontam Mirella Almeida (PSD) Almeida numa liderança, mas com Izabel Urquiza (PL) e Vinícius Castello (PT) revezando-se na segunda posição. E a tendência é a disputa permanecer entre esses três nomes. A eleição em Olinda caminha para ser definida mais pelo volume de campanha e os padrinhos dos candidatos, do que pelas propostas para a cidade.

Com início da campanha, e uma estratégia mais agressivas, com muito material nas ruas Mirella Almeida conseguiu o que vem tentando há pelo menos um ano e meio, que é ser conhecida por grande parte do eleitorado. Desde que o prefeito Professor Lupércio decidiu pelo nome dela para disputar a sua sucessão, ela tem ocupado todos os espaços de visibilidade, todas as vitrines, para catapultar o seu nome. Até na abertura do Congresso da Amupe, realizado no Centro de Convenções, em Olinda, Lupércio colocou o nome de Mirella, mas não engrenava.

Estratégia semelhante, de derramar material de campanha nas ruas, foi adotada por Vinícius Castello. Escolhido de última hora, no apagar das luzes da definição, após as desistências de Luciana Santos e Gleide Ângelo, o petista teve que correr para mostrar seu nome.

Izabel já é reconhecida pela população de Olinda. Já foi candidata a prefeita em outras vezes, mas dos três primeiros colocados na pesquisa é a que menos material colocou nas ruas. Praticamente só começou a campanha na segunda semana da disputa. E numa disputa de tiro curto, de apenas 50 dias, isso pode cobrar preço alto.

Uma outra situação interessante em Olinda é a de Antônio Campos. Além do recall de já ter disputado eleição no município, ele tem no sobrenome parte de sua força. No entanto, quando o levantamento vincula o nome de João Campos a Vinicius Castello, ele cai nas intenções de voto.

Os palanques em Olinda

E é ai que entra uma das próximas etapas sensíveis da campanha é a parte política da campanha, da composição do seu palanque. Nesse quesito Vinicius faz questão de apresentar o presidente Lula e o prefeito João Campos, bem avaliados no município. Esse dois ele expõe ao máximo nas suas peças de campanha, como as bandeiras. Só esconde o apoio do ex-prefeito Renildo Calheiros, que tem a imagem chamuscada no município. Inclusive foi Renildo que articulou a indicação do vice da chapa, o empresário Celso Muniz, que teve passado bolsonarista.

Quem também não tá com a popularidade em alta é o atual prefeito de Olinda, Professor Lupércio. Talvez por isso ele não esteja presente nas peças publicitárias de Mirella Almeida nas ruas. A presença dele é vista nas caminhadas, em eventos controlados, em bairros em que a aprovação da gestão é positiva.  Mirella também ainda não explora a imagem da governadora Raquel Lyra, apesar de a gestora ter acompanhado a carreata no último domingo.

Nessa questão de apoio, Izabel vive uma dicotomia. O apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro garante um percentual de votos que pode até levá-la ao segundo turno, mas leva junto uma reprovação de 52% da população que afirmam que não votam em candidato apoiado pelo ex-presidente. E esse é o desafio de Izabel: colocar a campanha na rua, sem vincular fortemente com a imagem Bolsonaro, mas também sem melindrar os bolsonaristas, que não aceitam que o seu líder seja colocado em segundo plano. A saída pode ser a vinculação com Michele Bolsonaro.

Faltando menos de 30 dias para as eleições, esse é o cenário em que os três principais candidatos terão que se equilibrar nos próximos dias. Colocando volume de campanha na rua, mostrando ou camuflando apoios e tentando conquistar a confiança da população. Quem souber melhor dosar essas questões, levará vantagem para a disputada do segundo turno. Aí será outra eleição, em que todos essas fatores serão potencializados, e de resultados imprevisíveis.

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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