A dois dias de assumir o comando nacional do seu partido, o prefeito do Recife, João Campos, afirmou que o Partido Socialista Brasileiro (PSB) deve “conversar com o Brasil que a gente sente nas ruas”. A declaração foi feita na noite desta sexta-feira (30), durante a abertura do XVI Congresso Nacional do PSB, em Brasília. Da cerimônia participaram o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB); o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira; e representantes de todos os estados. O encontro discute estratégias e diretrizes do PSB para os próximos anos.
Segundo João Campos, o partido precisa se alinhar às transformações em curso na sociedade brasileira. “Vamos ter a obrigação de buscar uma ressignificação do que é o sentimento de um partido. Temos que compreender o sentimento do nosso povo e do nosso país. É preciso entender que estamos em uma era de transição, e o PSB deve interpretar esse novo Brasil”, afirmou.
Campos mencionou o crescimento da população idosa, o aumento de mulheres chefes de família e as novas formas de trabalho como exemplos de mudanças que exigem respostas dos partidos políticos. Ele também abordou o uso da fé cristã em disputas políticas. “Num momento em que o ruído substitui o diálogo e em que o ódio tenta calar a diferença, temos que saber conviver com a divergência e buscar a convergência naquilo que nos cabe”, declarou.
Ao projetar o futuro da legenda, o prefeito destacou que o PSB deve acolher eleitores insatisfeitos. “O partido vai estar pronto para representar o sentimento de um Brasil diferente. Vamos mostrar que o nosso campo sabe fazer, que o campo progressista vai crescer e que um partido da centro-esquerda pode ser uma casa para quem está desesperançoso com a política”, disse.
Campos também afirmou que pretende conduzir o PSB de forma coletiva. “Nada na minha vida eu construí sozinho. Ao mesmo tempo em que quero liderar, quero ser liderado pela nossa militância. Tenho noção dessa responsabilidade e sei que ela se mistura com nossa história”, disse, citando seu bisavô, Miguel Arraes, e seu pai, Eduardo Campos, ambos ex-presidentes do partido.
Lideranças destacam papel do PSB no cenário nacional
O vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou o compromisso com o partido. “Quero ajudar, João Campos. Conte com nosso empenho para organizarmos um grande partido. O PSB tem história, tem futuro e sempre esteve do lado certo da história”, afirmou.

Já o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, alertou para o avanço de pautas antidemocráticas e defendeu a valorização das ideias progressistas. “Não se envergonhem das nossas ideias, porque elas são as melhores. Elas pregam igualdade de oportunidades e um projeto nacional de desenvolvimento. Precisamos nos empenhar na defesa da justiça social e da educação de qualidade”, disse.
Presente à abertura do Congresso do PSB, o senador Humberto Costa (PT-PE) destacou o papel de Campos no cenário político nacional. “Vemos o surgimento de uma liderança importante. João Campos representa uma liderança habilidosa, faz uma grande gestão à frente da Prefeitura do Recife, é um administrador competente, reconhecido pela capacidade de diálogo e por colocar o povo no centro das decisões”, afirmou.
Congresso discute eleições, economia verde e inclusão
A abertura oficial do congresso foi marcada por um ato político-cultural em homenagem ao pianista Arthur Moreira Lima e ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela. Mais cedo, foram realizadas as plenárias que definiram os representantes das comissões executivas dos segmentos partidários: Mulher, Juventude, Negritude, LGBT, Movimento Sindical, Movimento Popular e Pessoa com Deficiência.
Neste sábado (31), a programação inclui debates sobre as eleições de 2026, economia verde, tecnologias digitais e políticas de comunicação. No domingo (1º), serão eleitos o novo presidente nacional do PSB, os membros da comissão executiva e do diretório nacional. Pernambuco participa com cerca de 70 delegados, entre parlamentares, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e militantes com direito a voto.
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