A imagem foi criada por inteligência artificial, mas a emoção é real. O advogado e ex-vereador Marcelo Santa Cruz, aos 81 anos, reviveu, mesmo que virtualmente, o abraço que não pôde dar no irmão, o estudante de Direito Fernando Augusto de Santa Cruz Oliveira, desaparecido político em 1974.
“Abraço que gostaria de ter dado. Mesmo sendo pela inteligência artificial, fico cheio de saudades e visivelmente emocionado. Fernando Santa Cruz, presente agora e sempre”, declarou Marcelo, ao ver a imagem recriada digitalmente com o irmão, 51 anos após sua prisão por agentes do regime militar.
Fernando Santa Cruz lutou contra a ditadura
Fernando ingressou cedo no movimento estudantil e foi detido em 1966, ainda secundarista, durante protesto contra o acordo MEC-USAID. Com o aumento da repressão após o Ato Institucional nº 5, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a cursar Direito na Universidade Federal Fluminense (UFF) e manteve sua militância política.
No dia 22 de fevereiro de 1974, dois dias após o seu aniversário de 26 anos, ele saiu de casa para um encontro com colegas ligados à resistência à ditadura militar, e nunca mais retornou. De acordo com a Comissão Nacional da Verdade, foi preso e morto por agentes do Estado. Seu corpo jamais foi localizado. O atestado de óbito oficial, emitido apenas em 2019, reconhece que Fernando foi vítima do regime.
Na época do desaparecimento, Fernando era pai de um bebê de dois anos, Felipe Santa Cruz, que anos depois se tornaria presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Tecnologia e memória
O reencontro simbólico por meio da inteligência artificial insere a história de Fernando Santa Cruz em uma nova dimensão da memória: a tecnologia a serviço da reparação simbólica. O gesto não apaga a ausência física nem substitui a justiça pendente, mas é a preservação da história.
Se estivesse vivo em 26 de maio de 2025, Fernando teria completado 77 anos.
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