Há uma máxima na política de que o candidato quem tem que se explicar, já larga com retardo. Desde que o pré-candidato do PT à Prefeitura de Olinda, Vinícius Castello, apresentou o empreendedor do Shopping Patteo, Celso Muniz, como seu vice, na última quinta-feira (25), a candidatura se transformou em samba de uma nota só. Não conseguem fugir das explicações sobre o passado bolsonarista do vice. E isso se repetiu na convenção que confirmou a chapa neste sábado (27), no Clube Atlântico.
Com a presença dos principais nomes do PT, PCdoB, do presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto, da Delegada Gleide Ângelo e de pré-candidatos a vereador dos partidos, a cena estava montada para a festa. O primeiro ato foi no Alto da Sé, cenário emblemático da Cidade Patrimônio Mundial da Unesco, num café da manhã que reuniu todos os líderes partidários. De lá, seguiram numa van para o Clube Atlântico, onde foram recebidos por uma orquestra de frevo.
Representando o PSB na convenção, a deputada Delegada Gleide Ângelo foi uma das primeiras a falar e prometeu comprometimento da legenda com o projeto de Vinicius.
“O prefeito João Campos e o deputado federal Pedro Campos só não estão aqui porque tiveram que ir a São Paulo para uma homenagem ao ex-governadores Eduardo Campos. Mas vamos estar com você nessa grande vitória. Olinda quer mudança e ela virá com a pessoa que está transformando a cidade com o mandato dele”, discursou a socialista, se referindo a Vinicius Castello.
Após discursos de conciliação e de que Olinda precisa de um novo rumo para sair da estagnação dos últimos oito anos, inclusive, com a palavra de dois ex-prefeitos, a ministra Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e o deputado federal Renildo Calheiros, o responsável pela construção a chapa com Celso Muniz na vice.
Ao encerrar os discursos, Vinicius Castello, que tem origem humilde, criado na Barreira do Rosário, falou que a periferia precisa ser respeitada.
“O poder público que precisa ser transparente, precisa dialogar, precisa dar soluções e não impor e não perseguir e não humilhar”, iniciou a sua fala, Vinícius.
Falando da questão social, ele lembrou das vítimas das chuvas e a necessidade de intervenção para que tragédias não voltem a acontecer.
“Quem morreu em Águas Compridas e que teve a sua vida na levada volte a ser uma realidade na nossa cidade, quando a gente não tem o orçamento participativo que chega no território e pergunta como a gente vai transformar os locais que estão em risco. Porque a chuva vai vir. O perigo é iminente. E a gente precisa ter um governo alinhado com a classe trabalhadora e isso a gente não tem”, destacou o petista.
Quando estava chegando à metade do discurso, Vinicius chamou Celso Muniz para o seu lado no palco e iniciou um trecho mais político-partidário da sua fala.
Dizendo nunca fugir da verdade e de sempre agir com transparência, acrescentou que é preciso entender que quando constrói um partido, a gente precisa entender que as decisões não só são partidárias, mas coletivas.
Vinicius critica opção de Celso
Em seguida falou sobre o posicionamento do seu vice nas eleições de 2022, e, ao fazer isso, o candidato petista acabou julgando a postura do agora aliado ao apoiar Anderson Ferreira, candidato de Jair Bolsonaro ao Governo do Estado em 2022.
“O senhor (Celso) sempre teve o pensamento de centro, de centro-direita, entendendo inclusive a perspectiva que faz com que ele seja hoje o empresário de grande renome na cidade de Olinda. Celso ele já participou do PT, já integrou o PSB, disputou e ficou em terceiro lugar aqui pelo MDB e depois apoiou a candidatura do Anderson (Ferreira) aqui, que, cá entre nós, foi um grande erro, porque esse projeto de Celso, não era o projeto da classe trabalhadora”, observou Vinicius.
Por fim, encerrou o seu discurso convocando os aliados a trabalharem para eleger a maior bancada possível de vereadores, para que tenha uma base de sustentação na Câmara Municipal.
“Precisamos ser maioria, porque se a gente não tiver forças, a gente precisa pelo lugar por quem não pensa como a gente e tem a maturidade e que isso daqui é sobre a vida das pessoas, é sobre os nossos direitos, é sobre o rumo que a gente quer e o rumo é entendendo que em terra de trabalhador Bolsonaro, não se cria”, finalizou Vinicius Castello.
Após a cerimônia, o tom do discurso mostra ainda um grande desconforto na frente com a composição da chapa. Há três dias a Frente Popular anda em círculos, sem conseguir pautar outro assunto. Ou vira a página e parte para outro debate, ou corre o risco de nem sair do lugar, reproduzindo internamente na chapa uma polarização que deveria ser feita com os adversários.
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