Atualizada às 7h30
O jogo está pronto para ser jogado e os jogadores escalados. No último dia de prazo de desincompatibilização para integrantes de gestão que desejam disputar uma vaga no Executivo municipal nas eleições de outubro Governo do Estado e Prefeitura do Recife (PCR) sofreram baixas. Pré-candidato no Recife, Daniel Coelho deixou a Secretaria estadual de Turismo, enquanto Joaquim Neto, que pretende disputar a Prefeitura de Gravatá, foi exonerado da Assessoria Especial do Estado. Também foi exonerada a secretária da Mulher, Mariana Melo. De acordo com o Blog Cenário, ela é filiada ao PSDB e pode ser uma opção para a vice de Daniel. Os nomes dos três foram publicados no Diário Oficial.
No entanto, as expectativas estavam voltadas para a estratégia adotada pelo prefeito João Campos. Muitos apostavam que ele iria exonerar quatro dos seus secretários, que ele havia filiado estrategicamente a partidos aliados. No final, deixaram a equipe da PCR a secretária de Infraestrutura, Marília Dantas (MDB), que acumulava também a Empresa de Limpeza Urbana (Emlurb), e o seu chefe de gabinete, Victor Marques Alves (PCdoB), apontado por todos como favorito para ocupar a vaga de vice na chapa do gestor.
Esse favoritismo passa por uma engenharia política que envolve a filiação de Victor a um partido que faz parte da Federação Brasil da Esperança, que reúne PCdoB, PT e PV. O PT reclama a vaga, inclusive tem dois nomes colocados para isso, o deputado federal Carlos Veras e Mozart Sales, ex-vereador do Recife e assessor do Ministério das Relações Institucionais.
Controle da PCR
No tabuleiro montado por João Campos, ao mover Victor para o PCdoB, já estaria contemplando a federação da qual o PT faz parte. O gestor mira lá na frente, em 2026, quando pode deixar o cargo para disputar o Governo do Estado. Por isso, quer uma pessoa de sua total confiança para assumir a PCR, e manter o controle da maior estrutura do PSB atualmente no Estado.
No entanto, os petistas estão com essa articulação entalada na garganta. As demonstrações de insatisfação pipocam nos bastidores e foi externada, publicamente, pelo ex-prefeito João Paulo. Em entrevista à Rádio Folha na semana passada.
“O apoio (do PT) pode até ser conquistado, mas não será genuíno”, declarou o deputado estadual, que defende uma posição de protagonismo do PT no debate nas eleições do Recife.
As palavras de João Paulo encontram eco em outros integrantes petistas, que fazem questão de lembrar as duras críticas feitas por João Campos nas eleições de 2020, quando disputou contra Marília Arraes, hoje sua aliada.
Lembram também a postura da militância da legenda na campanha de Danilo Cabral, cuja candidatura foi abandonada pelos petistas. Eles migraram em bloco justamente para Marília Arraes (que trocou de legenda e foi para o Solidariedade, para disputar a eleição), em 2022.
Com alto índice de aprovação e interlocução direta com o principal líder do PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, João Campos segue o roteiro que escreveu, jogando com os prazos eleitorais para traçar o melhor caminho para a sua reeleição na disputa da PCR. Até a próxima data, serão dois meses de muita conversa. Mas, nas hostes socialistas, ninguém acredita que o vice sairá do PT. Até quem gosta de apostar, não coloca dez centavos nessa alternativa.
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