Olinda, Carnaval e Elefante no coração

Márcio Didier

A rotina era quase sempre a mesma, naquele início de anos de 1980. Às 12h50, após mais um capítulo da série Agente 86, eu e meu irmão Betinho batíamos o portão da casa de papai e saíamos. Cerca de sete minutos e 180 metros depois, estávamos na frente de Dona Maria, a chefe da coisa toda da portaria do Colégio de São Bento. Extremamente rígida e braba, olhava cada detalhe da farda e sempre reclamava por a gente chegar em cima da hora do início das aulas, às 13h. Essa rotina só era quebrada por um curto período em uma época do ano: no pré-Carnaval, quando tínhamos que driblar as barracas de alguma marca de cerveja colocadas nas calçadas, ao longo do percurso, para chegar à escola. Por isso saíamos cinco minutos antes.

Desde os anos de 1930 que a folia fazia parte da rotina de Olinda no período que antecedia a Quaresma. Mas foi durante a gestão de Germano Coelho, no final dos aos de 1970, que a festa começou a tomar proporções maiores.

Foi Germano fantasiava a cidade para a festa. Todos os postes da principal via de acesso à cidade, a Sigismundo Gonçalves, ganhavam uma alegoria de um metro e meio de altura, retratando um personagem da folia. E era nessa avenida, na casa 599, que eu acompanhava a cidade se vestindo para a folia.

Os preparativos, para mim, têm o dom da felicidade. É uma alegria incontida quando começam a colocar as bandeirolas multicoloridas entre os postes e árvores. Quando montam as barracas, que eu driblava para ir ao colégio. Quando os primeiros acordes são ouvidos da Cidade Alta.

É nesse momento que retorno no tempo e paro nos meus 6, 7 anos, quando decidi que iria levar o Carnaval da minha cidade, o Clube Elefante e o seu hino de amor a Olinda para sempre no meu coração.

Podem chamar de nostalgia, de saudosismo… Eu chamo de amor sempre correspondido em tamanho e intensidade.

Olinda é vida! Olinda é minha vida!

* Aos sábados, sempre uma crônica

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2 respostas

  1. Caríssimo Márcio Didier, Marcinho, como assim o chamava, quando passávamos na frente de sua casa, para jogar na praia do L, com Walmir(boca nua), Roberto(betonha), Otávio Guilherme(catatau), Pedrinho e tantos outros peladeiros da rendondeza. Tinham tb os mais velhos que nós, Demário, Mimí, Prequê, Sérgio “gordo”, que abrilhantavam nossos encontros na Praça do Carmo, obde os bancos de pedra serviam de barrinhas…pois é amigo, o tempo passou, mas as lembranças ficaram nas mentes e corações. Viva Olinda! Das Olindas 🤩

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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