A derrubada dos vetos da governadora Raquel Lyra para Assembleia Legislativa, pelo elástico e significativo placar de 30 a 10 a favor da decisão da gestora deixou os parlamentares com mais estrada na Casa preocupados com os próximos capítulos da relação Legislativo x Executivo.
Logo após a votação do veto, dois dos mais experientes parlamentares deram o mesmo diagnóstico de que o Governo precisa rever rápido a relação com a Casa, sob pena de ter problemas ainda maiores mais adiante.
Presidente da principal comissão da Alepe, a de Constituição, Legislação e Justiça, Antônio Moraes afirma que houve negociação, que o Governo aceitou pagar 50% das emendas até junho e o restante pagar pós-eleição. Com a experiência acumulada nos sete mandatos na Alepe, ele lembrou que nenhum governador pagou 30% das emendas “e ai estaria garantido 50% e o restante em dezembro”.
“Confronto e falta de diálogo não é bom para ninguém. Nem para o Governo, nem para a Casa. É uma vitória que você pensa que ganhou e no fim sai perdendo. O processo, principalmente numa Casa legislativa tem que ser de negociação até a exaustão. Mas isso serve também de alerta para o Governo, que ele precisa melhorar a base política na Assembleia. Tratar mais de política junto à Casa e junto aos parlamentares”, destacou Antônio Moraes, que era o preferido da governadora para comandar a Alepe.
Ex-prefeito do Recife e deputado estadual pelo quinto mandato, João Paulo foi ao microfone logo após a votação para dizer que votou com a sua consciência e lembrou o tempo em que comandou o Recife e teve que negociar os projetos que enviava para a Câmara Municipal.
“Sempre aprovei todos os projetos na minha gestão, porque sentávamos com o Legislativo para negociar e encontrar o entendimento. Então esse entendimento não houve e pode se agravar ainda mais daqui pra frente. Porque o Executivo vai ter dificuldade de para pagar 100% até junho. E isso pode levar a um conflito entre Executivo e Legislativo”, analisou João Paulo.