A tensão era quase palpável naquele plenário da reabertura dos trabalhos de 2024 da Assembleia Legislativa. Ninguém estava confortável. A inusual presença de todo o secretariado estadual talvez tenha amplificado a apreensão que já existia no ambiente. Semblantes fechados, olhares nervosos, cada um medindo cada movimento. Nem mesmo o beijo na testa que o presidente da Casa, Álvaro Porto, deu na recepção à governadora Raquel Lyra foi capaz de distensionar o ambiente.
O que pairava naquele plenário era a soma de todos os desacertos. No amor ou na vida postergar uma desavença é via de mão única para o descaminho. Acumular problemas, excluindo o diálogo, só leva a uma certeza: que um dia cada um seguirá seu rumo. Isso no amor e na vida. Na política, há alternativas.
Álvaro Porto foi o primeiro deputado estadual a assumir o apoio a Raquel Lyra, em 2022. Caminhou ao lado e fez campanha para a candidata do PSDB. Tinham uma boa relação. Talvez vários flashes desses bons momentos tenham passado na cabeça de cada um quando estavam na Mesa Diretora da Alepe. Mas veio o início do governo, eleição da Assembleia… Muita coisa mudou daquele distante 2022 para cá
Na música, a banda Magníficos afirmou que ‘cristal quebrado não cola jamais”. Na política, não é bem assim. Já vimos Eduardo Campos e Jarbas Vasconcelos unidos, Lula tendo o ex-adversário Alckmin com seu vice… Há, na política, uma cola capaz de unir qualquer cristal, que se chama diálogo. Para que ele exista, no entanto, é preciso serenar os ânimos e os lados estarem dispostos e com paciência para recompor o cristal. Mas só o tempo dirá se é possível utilizar essa cola.
Foto: Ivaldo Reges
P.S. Agradecimento especial à jornalista top das galáxias Betânia Santana.
P. S. 2 A coisa foi tão desmantelada na Assembleia nesta quinta-feira que até o site da Alepe saiu do ar à noite e até a publicação desta coluna, às 8h, permanecia fora do ar.
