Em um ato marcado por significados, o prefeito do Recife e candidato à reeleição, João Campos (PSB), abriu o comitê de campanha no Poço da Panela, e, sem citar nomes, não poupou críticas aos adversários da disputa. Em um discurso de 19 minutos, disse que está com vontade de trabalhar “que nem um bicho”, que é “obcecado por resultados” e ainda provocou: “Tem candidatura Netflix, que só aparece de temporada em temporada, a cada quatro anos”.
Nas eleições de 2020, quando disputou a Prefeitura do Recife pela primeira vez, João Campos não pode fazer convenção, abertura de comitê e a campanha de rua foi bem restrita, por causa da pandemia da Covid. Nesta campanha, o gestor quer seguir um ritual não pode realizar há quatro anos, marcado por signos e significados.
Neste domingo, ao inaugurar o comitê central de campanha, João Campos escolheu um terreno para sua instalação ao lado da casa em que morou seu bisavô, Miguel Arraes, e na mesma rua da casa do escritor Ariano Suassuna. A convenção, no início do mês, foi realizada no Clube Português, mesmo lugar que o seu pai, Eduardo Campos, oficializou as suas candidaturas ao governo do Estado em 2006 e 2010.
Apesar da festa reunir muitos aliados, também foi marcada pela ausência das lideranças do PT, que não marcaram presença. O prefeito minimizou as ausências. Disse que viu vereadores e representantes de todas as legendas. Nomes do PCdoB, partido do candidato a vice, Victor Marques, também não foram ao ato.
João rebate críticas da oposição
Em seu discurso, João Campos ironizou as críticas da oposição por suas dancinhas e brincadeiras que faz na internet. Disse que pode fazer isso porque é uma pessoa feliz com o trabalho que faz.
“Eu estou animado, preparado e com muita disposição para trabalhar pelo Recife. Quanto mais trabalho, mais eu me animo. Eu sou realizado. Se tem um negócio que eu gosto é de ser prefeito do Recife e de cuidar da nossa cidade. Eu faço isso com gosto”, afirmou, acrescentando que é “obcecado por resultados” e que está com vontade de trabalhar que “que nem um bicho”.
Sobre o evento, João Campos lembrou que o seu pai, o ex-governador Eduardo Campos, costumava dizer que os comitês só devem ficar cheio em dois momentos: na abertura e para “celebrar a vitória”.
“É muito bom começar essa campanha reunindo vocês aqui. Mas quero ver este comitê só com umas cinco ou seis pessoas trabalhando, porque o nosso time tem que estar na rua, conversando com as pessoas. A gente só quer lotar este comitê de novo no dia 6 de outubro, após a grande vitória do povo do Recife”, discursou.
O prefeito e candidato à reeleição aproveitou para desferir uma série de provocações para a oposição. Acrescentou que a existência de outras candidaturas faz parte da democracia. E zombou.
“Vão surgir muitas candidaturas como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, que aparecem de quatro em quatro anos. São candidaturas como aquelas séries da Netflix, que só aparecem de temporada em temporada. Aí chegou a temporada de gravar vídeo, de visitar lugar onde nunca foi. Onde é que estava essa turma da Netflix quando a gente estava inaugurando encosta, creche, inaugurando unidade de saúde, inaugurando parque? Nós temos muita coisa para mostrar. A gente tem pressa”, provocou João Campos.
Vice de João, Victor fala em voto de confiança
Ao lado de João Campos, no palco, o candidato a vice-prefeito na chapa da Frente Popular, Victor Marques (PCdoB), ressaltou os feitos da gestão e reforçou que a missão da militância é fazer com que essas entregas conquistem votos de confiança da população para um segundo.
“Em 2020, nos deram a honra de mostrar que um jovem coloca o trabalho na frente de tudo e é capaz de entregar muito para a cidade. Hoje, em 2024, já vemos isso virando realidade: tem escola, Compaz, hospital, praça, parque. E o resultado chega: João é o prefeito de capital mais bem aprovado do Brasil. Mas isso, sozinho, não significa nada. O que conta na eleição é voto na urna, para esse trabalho continuar. Então a missão é clara: ir para a rua, falar com as pessoas, pedir voto. A eleição está chegando, e eu e João vamos estar na rua 24 horas”, declarou.
Foto: Rodolfo Loepert
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