Até quando vamos ver bandidos agindo nos jogos? Até ocorrer uma chacina?

Márcio Didier

O Sport deve ser punido? Como torcedor do Leão da Ilha, torço que não. Mas temo por isso. Mais uma noite/madrugada de terror no futebol em Pernambuco. Não pelo futebol apresentado. Mas pelo fato de um “bando organizado” ter protagonizado uma nova página deplorável em nosso Estado. Na saída da Arena de Pernambuco, o ônibus que levava a delegação do Fortaleza, que acabará de empatar com o Sport em um jogo bom de se ver, foi alvo de uma emboscada covarde por parte de um grupo de maloqueiros que se dizem torcedores do rubro-negro pernambucano. Foram bombas caseiras e pedras lançadas contra o veículo, resultando em seis jogadores feridos, que tiveram que ser levados para o Hospital Português.

Até quando Pernambuco vai assistir esses bandidos fazendo o que querem, espalhando violência e terror na Região Metropolitana, sem que nada seja feito para interromper essa horda de delinquentes? É necessário quanto mais de sangue para chegar a uma conclusão de que já deu? Quem sai de casa para fazer o que eles fazem, está disposto a tudo, a matar e a morrer.

Subprecificam a vida. Não estão nem aí para ela.

É inacreditável que, com a tecnologia que temos hoje, não seja possível manter essas pessoas longe das ruas. Essas bandidos têm que encontrar alguém que as enfrente e imponha limites. E os poderes constituídos têm que dar respostas efetivas à sociedade. Já foi tentado, mas talvez com o tempo tenha relaxado em todas as vezes veio o insucesso.

Histórico

Em 2011, o então secretário de Defesa Social Wilson Damázio anunciou uma série as medidas  para coibir a violência nos estádios e em seus arredores. Determinou, na época, que até o final do Campeonato Brasileiro da Série B, a Torcida Jovem do Sport, estaria proibida de comparecer aos estádios pernambucanos e suas mediações em dias de jogo com camisas, faixas, bonés ou qualquer tipo de vestimentas alusivas à torcida.

Já em 2014, as torcidas Jovem (Sport), Inferno Coral (Santa) e Fanáutico (Náutico) ficaram proibidas de reunirem-se ao redor ou dentro dos estádios. Além disso, definiu-se o impedimento de os clubes de cederem ingressos e manterem espaço destinado a elas em suas sedes.

Em 2016, o então presidente do Sport, João Humberto Martorelli, conseguiu na Justiça, banir os integrantes da Torcida Jovem de todos os eventos do clube, incluindo jogos como mandante, visitante e amistosos, dentro ou fora do País, além dos treinos. Alguns torcedores chiaram. Diziam que a Ilha do Retiro perdia a força sem a Jovem. Mas, na verdade, quem sempre saiu no prejuízo foi o Sport, com perda de mando de campo e multas.

No ano passado, foi anunciado que os clássicos seriam de torcida única. Isso dentro do campo, porque fora dele, o pau come.

Só com inteligência

Todas as proibições, ao que parece, foram para inglês ver. Os maloqueiros continuaram agindo sem limites. Isso mostra que só proibir de frequentar o evento uniformizado ou com torcida única não adianta de absolutamente nada. Tem que agir com inteligência para desarticular os bandos.

O episódio desta noite/madrugada foi muito, mas muito grave e poderia ter sido pior. Mais uma vez o nome de um clube e de Pernambuco são jogados na lama por causa desses bandidos. E não será surpresa se houver o banimento do Sport de competições. Até quando isso vai ocorrer? Até morrerem vários de só uma vez? Se não houver providências, infelizmente, é isso que vai ocorrer. E não deve demorar muito.

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2 respostas

  1. Minha opinião: concordo contigo Márcio, mas o clube não pode ser punido por conta de um bando de desordeiros. O Estado tem que intervir no cerne dos criminosos, punindo de forma exemplar e que os clubes tenham dispositivos de segurança durante os jogos, conjuntamente com a PM-PE.

    1. Concordo Eraldo. Há quem diga que um time não possa ser punido pelo que ocorre fora do campo. Mas o procurador-geral do STJD já está procurando uma brecha. Torço para que não seja punido. Mas acredito que será. Quanto às obrigações do Estado, isso é reponsabilidade total dele.

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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