Uma CPI que busca tudo, menos respostas

As manifestações de julho de 2013  projetaram para a  politica alguns grupos que se fortaleceram e foram alimentados fortemente pelas redes sociais. Assim surgiu o Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua. Mas para manter a influência, eles precisam de posições fortes nessas redes, para alimentar os seus seguidores. Essa mania quase insana de querer lacrar de todo jeito nas redes sociais tem provocado absurdos. O último deles foi o de um vereador de São Paulo (para não dar palco não usarei o nome dele) que protocolou a CPI das ONGs, cujo pano de fundo é a investigação das ações do Padre Júlio Lancellotti, que tem um trabalho voltado para alimentar a população de rua.

Nada contra investigar ONGs. O próprio padre afirma que podem fazer o trabalho, mas alerta que não encontrarão nada de irregular. No entanto, a forma de ação do edil aponta para uma direção que está muito distante de um trabalho que investigará supostos desvios de conduta do religioso. O vereador alega que o padre Júlio dá comida aos pobres, mas não faz nada para tirá-los das ruas. De forma absolutamente descortês, classifica o sacerdote de “cafetão da miséria”.

Talvez o vereador esteja equivocado sobre a quem fazer a cobrança. Atuar no acolhimento de pessoas de rua é função da prefeitura. Se o edil estivesse mesmo preocupado com as pessoas da cracolância, era a gestão municipal que deveria ser cobrada pela inação em relação a eles.

O trabalho humanista de padre Júlio é na mesma linha de Dom Hélder Câmara, que certa vez falou:

“Quando dou comida aos pobres, me chama de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista”, disse Dom Helder.

Defesa

A CPI das ONGs está prevista para ser instalada na voltar do recesso, em fevereiro, sob críticas até da Arquidiocese de São Paulo, que saiu em defesa do religioso. Um movimento nas redes sociais pede que “Protejam o padre Júlio Lancellotti”.

Até o início dos trabalhos, o vereador vai continuar nas redes alimentando o seu público com ódio travestido de preocupação social. Uma pena que a cidade de São Paulo gaste dinheiro com uma coisa dessa tendo tantos e mais graves problemas que poderiam ser debatido na Câmara, mas não são. Até porque não rendem tantos cliques.      

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Uma resposta

  1. Vc falou muito bem: LACRAR nas suas redes sociais…. Povo maluco. Como diz um amigo “É um caso em que um ateu defende um padre daqueles que se acham cristãos”.

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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