O mesmo Congresso Nacional que um dia orgulhou o Brasil em 1988, ao entregar a Constituição Cidadã para o País, decidiu nesta terça-feira (28) manter um veto a uma matéria cujo efeito pode ter consequências sérias na política, principalmente em períodos eleitorais. Por 317 votos, contra 139, os deputados federais decidiram manter o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro ao projeto que criminalizava fake news.
A votação capitaneada pelos partidos do Centrão, com o apoio dos parlamentares de extrema-direita na Casa, não apenas dá aval à produção de mentiras em série no ambiente da política, como acende o alerta sobre o perigo que isso pode representar para a sociedade e à democracia.
Alguns costumam dizer que é “mimimi” de pessoas que condenam as fake news, que é preciso defender o que consideram “liberdade de expressão”.
Liberdade de expressão não tem absolutamente nada a ver com mentiras, agressões, grosserias ou querer ganhar no grito, como prevê o dicionário enviesado que uma parcela de brasileiros insiste em seguir.
Agora podem mentir com o respaldo da lei. Qualquer político, governador, prefeito e até mesmo ministros e ex-ministros podem dizer que foram os melhores que passaram no cargo, sem qualquer respaldo para confirmar a sua afirmativa. Quando colocados em xeque, pegos no flagra, na mentira, partem para a agressão, estimulando seus seguidores a atacarem quem ousou contestar. Esse episódio foi real. Ocorreu no Recife, na última segunda-feira à noite, e a tendência é que ocorram cada vez com mais frequência.
Fake news não têm limites
Essas mentiras em série são disseminadas em escala industrial. Não respeitam classe, cor ou dor, como foi o caso recentemente com o Rio Grande do Sul. Grande parte da população perdeu tudo, mas as mensagens de que o Governo estava exigindo nota fiscal dos alimentos doados, de que os chineses utilizaram drones para provocar as chuvas, entre outras sandices, se multiplicam nas redes sociais.
O recado dado à sociedade pela Câmara Federal, com o apoio de 10 parlamentares pernambucanos, foi de que a regra é não ter regra. Podem descer o sarrafo para mobilizar os seus seguidores, sejam eles de esquerda ou de direita. Tudo faz parte do jogo. Tá tudo permitido.
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Uma resposta
Perfeito comentário….
Aprendi que a verdade é e sempre será o melhor caminho. Me assusta é a bancada que se julga evangélica e mais certos que os demais, votarem em peso a favor dessa pauta. Que mundo é esse?