Márcio Didier
A música sempre teve uma ligação muito estreita com a política. Autor de frevos tradicionais, Nelson Ferreira, já na década de 30, misturava a política nos acordes de suas músicas. Fez canção para Agamenon Magalhães e para Cid Sampaio, entre outros.
Na redemocratização teve o “Tô voltando” de Arraes, em 1986; o jingle chiclete de André Ferreira – quem não lembra do 15615, 15615, ao som da batida do Olodum, que depois fez sucesso como hino evangélico… Mas esse texto não é sobre jingles e músicas que fizeram história. Mas sim sobre as formas inusitadas de os pré-candidatos buscarem a simpatia dos eleitores.
Com o ano eleitoral batendo na porta, já podemos ter uma mostra do que virá pela frente.
Ex-prefeito e trabalhando para voltar à Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes fez uma postagem diferente no Instagram. No mínimo, inusual. Quase um apelo por mais uma chance de voltar a comandar a cidade que governou de 2009 a 2016, ele colocou um card em que aparece fazendo um coraçãozinho com as mãos, sob a frase “Seu grande investimento do ano de 2024 SOU EU (está em caixa alta)”. Tudo isso com a música de Jonas Esticado “Investe em mim” ao fundo. Na legenda da postagem, o seguinte trecho da música: “Investe em mim aposta tudo em mim🙏🏽👨🏻🦳❤️ (tem essas figurinhas também) que eu prometo te fazer feliz…” . Ficou diferente, né? Talvez meio apelativo…
No Recife
Na vizinha Recife, o mesmo forró deve dar o tom da campanha. Orgulhoso do título de ministro sanfoneiro, o pré-candidato do PL à prefeitura Gilson Machado deve levar os acordes da sua sanfona para a disputa, assim como fez quando concorreu ao Senado, em 2022. Prova disso pode ser visto no Instagram. Em 13 de dezembro, duas postagens para celebrar o Dia estadual do Sanfoneiro e o fato de o forró ter sido transformado em Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil. Nos dois posts, imagens e agradecimento ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que, junto com a sanfona, terá sua imagem exposta à exaustão na campanha de Gilson no Recife.
E isso é apenas o começo. Com a proximidade da campanha, as fábricas de jingles serão abertas e os hits da atualidade servirão de base para que os políticos se apresentem como os mais preparados, com as melhores propostas e com a vida mais proba entre todos. E pronto. Debater os graves problemas das cidades? Ai também já é querer demais.