Ponte Giratória é liberada e muda trânsito no Centro do Recife

Ao lado do presidente da Alepe, Álvaro Porte, o prefeito do Recife, João Campos, entregou a Ponte Giratória, que estava fechada desde 2022 Foto Edson Holanda PCR

A Prefeitura do Recife antecipou a reabertura da Ponte 12 de Setembro, conhecida como Ponte Giratória, e liberou nesta terça-feira (23) a circulação de veículos e pedestres entre os bairros do Recife e de São José. A conclusão das obras garante o funcionamento da via durante as festas de final de ano e o Carnaval de 2026, além de alterar a dinâmica do trânsito no Centro da cidade. A reabertura do equipamento contou com a presdença do presidente da Alepe, Álvaro Porto.

O contrato da obra previa investimento de R$ 23,8 milhões, mas o valor executado ficou em R$ 21,4 milhões, segundo dados da gestão municipal. A intervenção teve início em 2022 e envolveu a reabilitação estrutural completa do equipamento, com reforço das vigas, protensão externa e adequação às normas técnicas vigentes.

O prefeito do Recife, João Campos, explicou que a intervenção foi motivada por risco estrutural identificado durante a execução da obra. “Sei que algumas pessoas duvidaram, até torceram contra, mas hoje a promessa tá realizada. Lembrando que a gente tá falando de uma recuperação estrutural extremamente desafiadora. Se não tivesse sido feita essa obra, a ponte poderia ter caído, literalmente caído”, afirmou.

Segundo o gestor, a situação decorreu de uma falha construtiva da década de 1970, descoberta apenas após a retirada do concreto original. “Quando se quebrou o concreto, identificou-se que as cordoalhas (de aço) estavam rompidas. O cabo foi esticado e não colocaram um cimento adequado para proteger aquilo. O cabo foi todo corroído e desapareceu. Então foi uma falha construtiva da década de 70”, disse João Campos.

Falha estrutural e o fechamento

Após a identificação do problema, a ponte foi interditada imediatamente por recomendação técnica. “Não é uma opinião política. É questão técnica. O engenheiro-calculista manda você fazer alguma coisa, tem que fazer. Fechamos”, declarou o prefeito.

Ele detalhou que os projetistas Bernardo Horovitz e Carlos Calado, professores da Universidade de Pernambuco (UPE) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), alertaram para a falta de estabilidade da estrutura. “A ponte não tem estabilidade, ela deve ser fechada. De imediato, nós fechamos a ponte”, relatou.

A partir daí, estudos técnicos e mais de 30 ensaios laboratoriais foram realizados para avaliar a possibilidade de recuperação. “Foi feito um novo projeto, passaram-se três meses em que os projetistas disseram que havia uma chance real de ter que demolir a ponte e construir um novo tabuleiro”, afirmou João Campos.

Reforço externo de estrutura

Os testes indicaram que a recuperação seria possível com a aplicação de protensão externa, técnica que consiste na instalação de cabos de aço tensionados externamente para reforçar a estrutura. “Cabos foram passados aqui, esticados com macaco hidráulico. A ponte foi toda reforçada. Foi feita uma ponte por fora da outra, um sanduíche de reforço estrutural”, explicou.

O prefeito João Campos também destacou que a obra tinha prazo contratual até março de 2026, mas foi concluída em dezembro de 2025. “Conseguimos trazer para dezembro deste ano. Antecipamos em três meses e o mais importante é que a ponte tá entregue, tá segura e vai ser utilizada pelas pessoas”, disse o prefeito.

Ponte muda o trânsito

Com a reabertura da Ponte Giratória, o tráfego no Centro do Recife passa a operar com novas conexões. Veículos que seguem pelo Cais de Santa Rita em direção ao Bairro do Recife podem acessar diretamente a ponte e a Avenida Alfredo Lisboa ou seguir pela Avenida Martins de Barros em direção à Ponte Maurício de Nassau.

Quem circula pelo Cais da Alfândega ou pela Rua Madre de Deus pode utilizar a Ponte Giratória para acessar a Zona Sul ou a Zona Oeste, seguindo pela Avenida Martins de Barros e realizando retorno antes da Avenida Nossa Senhora do Carmo.

A presidente da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), Taciana Ferreira, destacou o impacto da reabertura na fluidez viária. “A potencialidade da Ponte Giratória era justamente essa. Com a interdição houve redução, mas agora a gente volta com essa ampliação de capacidade, permitindo novas conexões para o bairro do Recife”, afirmou.

Obras estruturantes

A requalificação da Ponte Giratória integra um conjunto de intervenções viárias nos bairros do Recife, Santo Antônio e São José, áreas que concentram novos equipamentos públicos e privados, incluindo o Centro de Convenções do Recife.

Segundo João Campos, o município mantém um programa contínuo de requalificação de pontes com base em critérios técnicos. “Desde 2018 a cidade fez um protocolo de vistoria das pontes. Os projetos começaram em 2019, definidos por critérios técnicos, avaliando qual estrutura tem nível mais crítico”, explicou.

O prefeito também destacou outras obras previstas. “Vamos entregar até abril a Ponte Areias–Ibura, com investimento superior a R$ 120 milhões, e iniciar a Ponte Cordeiro–Casa Forte, uma obra de mais de R$ 200 milhões com sistema viário de mais de seis quilômetros”, afirmou.

A Ponte Giratória possui 195 metros de extensão, com cinco vãos e tabuleiro único em seção tipo caixão ao longo de toda a estrutura. A largura total é de 22 metros, com dois passeios de pedestres — 3 metros no lado norte e 2 metros no lado sul —, duas faixas de rolamento de aproximadamente 4 metros cada e guarda-rodas de 0,2 metro em ambos os lados.

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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