O recuo dos Estados Unidos (EUA) na cobrança da sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros foi o êxito da diplomacia no melhor tom, sem pirotecnia. Não veio com barulho, não veio com disputa pública, mas com a velha combinação brasileira de firmeza e suavidade. O governo trabalhou nos bastidores, explicou dados, apresentou riscos e impactos, e o resultado aparece.
É claro que o contexto interno norte-americano ajudou. A inflação ameaçando a economia, os preços subindo e a necessidade de aliviar tensões comerciais colocaram lógica na decisão. Ninguém ganha com produtos mais caros nas prateleiras dos EUA, especialmente num momento em que o presidente tem uma aprovação de apenas 38%. A retirada da sobretaxa não foi um gesto isolado, mas parte de um contexto econômico.
Mesmo assim, há um aspecto que ultrapassa a explicação técnica. Quando o presidente Donald Trump cita nominalmente o presidente Lula ao justificar o recuo, a dimensão deixa de ser apenas comercial. Entra no terreno político, na simbologia da relação entre os dois países e no reconhecimento do peso do Brasil além do debate econômico.
Sem conflito com os EUA
O governo brasileiro sabe que política externa não vive só de planilha, e esse episódio mostra isso. A diplomacia atuou com cautela, evitando transformar a divergência em conflito, mas sem aceitar o ônus de uma tarifa que distorcia preços e prejudicava exportadores nacionais. O resultado aparece agora como uma vitória.
No fim das contas, o recuo dos EUA se traduz numa conquista que é ao mesmo tempo econômica e política. Econômica porque alivia custos e abre espaço para mais competitividade; política porque reforça a imagem internacional do Brasil e dá ao presidente Lula um capítulo positivo numa agenda global que raramente é simples. E, num momento de disputas tão grandes, uma conquista dessas conta muito.
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