A dificuldade jurídica para o início da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Publicidade parece ter levado a oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) a adotar uma estratégia de enfrentamento da gestão estadual. Diante do impasse sobre a validade das indicações feitas pelos blocos partidários – tema que mantém a CPI travada e cada vez mais distante de ter um início -, parlamentares passaram a concentrar esforços em cobrar promessas de campanha e metas do Governo do Estado.
A mudança de estratégia ficou evidente na reunião plenária desta segunda-feira (6), quando o deputado Antonio Coelho (União Brasil) utilizou a tribuna para criticar o andamento do programa de construção de creches vinculado ao Juntos pela Educação. Segundo o parlamentar, das 250 unidades anunciadas pela gestão estadual, 48 receberam ordem de serviço, sem conclusão de nenhuma até o momento. “Só foram pagos efetivamente R$ 17 milhões de um total de R$ 1,1 bilhão. Em outras palavras, menos de 1,5% de todo o valor dedicado a essa importante iniciativa”, afirmou.
Durante o pronunciamento, deputados de oposição se revezaram nos apartes para reforçar as críticas. Sileno Guedes (PSB) afirmou que o cenário “comprova a falta de capacidade de gestão”, enquanto Diogo Moraes (PSDB) destacou que “já estamos indo para o último ano de governo e nenhuma creche foi aberta”. Também participaram Dani Portela (PSOL), Cayo Albino (PSB), Waldemar Borges (MDB), Junior Matuto (PRD) e Rodrigo Farias (PSB), num esforço coordenado que revelou uma ação articulada da oposição para sustentar o desgaste político do Executivo.
Estratégia de ampliação das críticas
O movimento indica uma tática de substituição do campo de confronto. Com a CPI da Publicidade paralisada por divergências jurídicas e regimentais entre governo e oposição, os parlamentares optaram por transferir a disputa para o plenário, priorizando temas de repercussão social. As promessas de campanha – como a entrega de 60 mil vagas em creches – se tornaram o novo eixo de cobrança pública na tribuna da Casa, para que seja replicada, principalmente, nas redes sociais dos próprios oposicionistas. Além disso, ao discursarem no Grande Expediente, quando é permitido aperates, acaba arrastando os governistas para o embate.
A expectativa da oposição é estender a ofensiva para outras áreas da gestão estadual, como saúde, educação, segurança pública, infraestrutura e equilíbrio das contas do Estado. O objetivo da estratégia é construir uma narrativa contínua de fiscalização e pressão, num momento em que a base governista mantém maioria e controle da pauta legislativa.
Enquanto o impasse jurídico impede o início da CPI – há integrantes de oposição que afirmam que mesmo sem ser iniciada, ela já cumpriu a função -, o plenário da Alepe deve se consolidar como o principal palco da disputa entre governo e oposição – agora em torno da execução de políticas públicas e do cumprimento de compromissos eleitorais.
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