O programa de construção de creches do Governo de Pernambuco, vinculado ao Juntos pela Educação, foi tema de críticas na reunião plenária desta segunda-feira (6) da Assembleia Legislativa (Alepe). Deputados da oposição cobraram resultados e denunciaram atrasos na execução das obras em diversos municípios, enquanto a base governista destacou dificuldades operacionais e o avanço de algumas unidades.
O deputado Antonio Coelho (União Brasil) levou o tema à tribuna e afirmou que, das 250 creches anunciadas pelo Estado, 192 tiveram licitação lançada e apenas 48 receberam ordem de serviço. Segundo o parlamentar, nenhuma unidade foi concluída até o momento, e muitas estariam com obras paralisadas. Ele criticou o ritmo da execução e a aplicação orçamentária.
“Só foram pagos efetivamente R$ 17 milhões de um total de R$ 1,1 bilhão. Em outras palavras, menos de 1,5% de todo o valor dedicado a essa importante iniciativa”, declarou.
Promessas de creche
Durante o pronunciamento, Antonio Coelho afirmou que as 60 mil vagas de creches prometidas pelo governo estadual continuam sem previsão de entrega. O parlamentar destacou que o quadro “revela o abismo entre o discurso e a prática”, com impacto direto sobre famílias que aguardam vagas para crianças na primeira infância. “Falamos das mães que precisam trabalhar e das crianças que continuam sem acesso à educação na primeira infância”, observou.
Ele também apontou divergências entre o Plano Plurianual 2024–2027 (PPA) e os números divulgados pela gestão estadual, lembrando que o documento oficial prevê 240, e não 250, creches. Segundo o deputado, o governo prometeu construir 40 unidades em 2024 e outras 200 até 2027, mas não concluiu nenhuma até agora. “Como um governo que sequer conseguiu fazer uma só creche em três anos vai fazer 230 em apenas um ano?”, questionou.
Nos apartes, Sileno Guedes (PSB), Diogo Moraes (PSDB), Dani Portela (PSOL), Cayo Albino (PSB), Waldemar Borges (MDB), Junior Matuto (PRD) e Rodrigo Farias (PSB) reforçaram as críticas. “O que se executou foram só tapumes e placas de obras. É um triste cenário que comprova a falta de capacidade de gestão”, afirmou Sileno Guedes. Diogo Moraes completou: “Foram anunciadas 60 mil novas vagas de creches. Já estamos indo para o último ano de governo e nenhuma foi aberta.”
Governo cita entraves
A líder do governo, Socorro Pimentel (União Brasil), respondeu às críticas e informou que a gestão estadual tem enfrentado dificuldades para obter alvarás municipais, o que tem atrasado parte das obras. Ela destacou que há unidades com obras em estágio avançado e previsão de entrega para dezembro deste ano, como as de Serra Talhada, Caruaru, Igarassu e Ilha de Itamaracá. “Em dois anos e nove meses, a governadora Raquel Lyra já trabalhou muito mais do que o seu antecessor nos últimos oito anos. E nós temos ainda um ano e três meses pela frente”, declarou.
Também da base governista, Luciano Duque (Solidariedade) ressaltou que o cronograma de execução é complexo e requer tempo. “São obras que exigem planejamento técnico e articulação com as prefeituras, especialmente no licenciamento”, afirmou.
O debate reforçou a divergência entre os blocos sobre a efetividade do programa e o ritmo de execução das obras, que seguem sob acompanhamento da Assembleia Legislativa.
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