O Congresso Nacional inicia esta semana com base em novos parâmetros. O vigor das manifestações deste domingo em todo o País joga sobre os parlamentares uma pressão, depois de uma overdose de pautas completamente dessintonizadas com a sociedade. Nas ruas, a população mostrou que discordam da absurda PEC da Blindagem e qualquer anistia para os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Se tem uma coisa que os deputados e senadores temem é a população nas redes sociais e, principalmente, nas ruas, que é a versão mais visível da insatisfação. E os protestos foram robustos, pegando de surpresa os mais céticos. Isso porque eles foram organizados a partir da última quarta-feira (17), mas a adesão em peso de artistas brasileiros, capitaneados por Caetano Veloso, catapultaram o interesse da população em participar do ato.
No Recife, várias pessoas levaram faixas e cartazes expondo os rostos dos deputados que votaram a favor da proposta que dificulta as investigações contra os parlamentares, independentemente de ser direita ou esquerda. Nenhum deles estava presente. Em compensação, dos cinco que votaram a favor PEC da Blindagem, quatro compareceram no Recife e foram celebrados nas ruas.
Entre os políticos, a certeza de que a PEC da Blindagem será enterrada no Senado. Sobre o projeto de lei da anistia e que ela não avançará da forma como foi proposta pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que pregam que ela seja “ampla, geral e irrestrita”.
Nesta semana, o deputado Paulinho da Força apresentará o seu parecer sobre o caso, deixando de lado a anistia, mas mexendo na dosimetria, o que poderia reduzir as penas do ex-presidente e da cúpula que desenhou a trama golpista. Com a robustez dos atos deste domingo, essa proposta não deve prosperar. O que ganha força, é reduzir a base das penas. Por exemplo, a maioria dos condenados pegou a punição mínima é de quatro anos de detenção. A proposta seria reduzir para dois anos, mantendo a pena máxima da forma como está, em torno de oito anos. Desta forma, beneficiaria a maior parcela dos condenados, mas não atingiria a cúpula.
De toda a forma, o recado das ruas foi forte e deverá dar reduzir sensivelmente o apetite insaciável dos deputados federais, que buscam qualquer brecha para aumentar os seus benefícios. Até porque, 2026 é ano eleitoral, em que eles buscarão a renovação dos mandatos. E o medo de insucesso eleitoral é maior do que a gula por penduricalhos pessoais.
Notas da manifestação nas ruas

Nas cores do Brasil
Principais nomes da música popular brasileira, os cantores Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan e Paulinho da Viola se apresentaram juntos na manifestação do Rio, na praia de Copacabana. O detalhe é que os quatro primeiros, cada um deles usou camisa com uma cor da bandeira do Brasil. Paulinho também vestia amarelo.
Protestos na paz
Apesar do grande número de pessoas nas ruas brasileiras neste domingo (21), não houve qualquer informação sobre tumultos ou briga em qualquer cidade brasileira. Os manifestantes foram às ruas com um objetivo: protestar.
Ato falho
Enquanto a maioria dos Estados colocou trios elétricos nas ruas, a organização da manifestação no Recife colocou três carros pequenos e de qualidade sonoro questionável. Os políticos tinham que se esgoelar para serem ouvidos. Bola fora no protesto recifense, um dos maiores em muitos anos no campo da esquerda.
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