A Comissão de Saúde e Assistência Social da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) realizou, nesta quarta-feira (17), audiência com a secretária estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti, convocada para prestar esclarecimentos após o acidente com um elevador no Hospital da Restauração (HR), no Recife, que deixou uma funcionária ferida no início do mês. Além do caso, a gestora foi questionada sobre contratos de manutenção, reformas em hospitais, filas de espera, superlotação e fechamento de unidades.
O presidente da comissão, deputado Sileno Guedes (PSB), afirmou que o episódio no HR expõe um quadro mais amplo da rede estadual. “Esta reunião é para que o Governo do Estado possa esclarecer à sociedade o que está acontecendo e levando ao caos instalado na saúde pública de Pernambuco. O que aconteceu recentemente com o elevador que despencou no Hospital da Restauração é apenas a face visível desse problema. A gente precisa saber o que está sendo feito para enfrentar esses desafios, porque o que temos visto, na verdade, é o contrário disso, com o fechamento de unidades”, disse.
Sileno também destacou a necessidade de efetividade nas ações do Governo Raquel Lyra. Segundo ele, “estamos em um momento de discussão orçamentária e, se for preciso que a Assembleia realoque recursos para reforçar o orçamento da Secretaria de Saúde, é um aspecto a se considerar. E outro aspecto é fiscalizar e se somar a quem está denunciando à Comissão de Saúde a situação instalada no estado inteiro para que a gente possa sensibilizar o governo a minimizar essa questão, e não apenas anunciar ações que não chegam na ponta”.
Secretária fala sobre a saúde
Durante a audiência, a secretária informou que os elevadores da rede estadual têm décadas de uso e que alguns serão substituídos emergencialmente em até três meses. Entretanto, não deu detalhes sobre a manutenção do equipamento que despencou no HR, apesar da existência de contratos em vigor.
Zilda mencionou o total de R$ 57 milhões em investimentos nas reformas de grandes hospitais nos dois anos e oito meses da atual gestão (entre 2023 e 2025). A secretária apontou que o valor representa um aumento de 49% em relação ao total de investimentos realizados nos mesmos hospitais nos oito anos anteriores (2015 a 2022).
“Sou militante do SUS (Sistema Único de Saúde) há 35 anos. E eu não me lembro, na minha história do SUS, de ver tanto investimento na saúde em tão pouco tempo”, afirmou. A secretária também apresentou um vídeo de 12 minutos mostrando o “antes e depois” das obras nas unidades de saúde.
Deputados também demonstraram preocupação com o andamento da reforma da unidade, prevista para 2026, que recebeu até agora recursos apenas para um dos quatro andares incluídos no projeto.
O vice-presidente da Alepe, deputado Rodrigo Farias (PSB), apresentou documento técnico que, segundo ele, evidencia a omissão do governo. O parlamentar revelou que um relatório de 118 páginas, elaborado por empresa contratada pelo Estado e entregue à gerência de Infraestrutura do HR em 28 de fevereiro, apontava falhas críticas nos sete elevadores do hospital e classificava como “essenciais” os reparos para garantir a segurança.
Na audiência, Farias afirmou: “Pernambuco tem hoje uma governadora que fecha hospitais e um governo que sabia do risco dos elevadores da maior unidade de saúde do Estado. O aviso foi dado há mais de seis meses e só agora, depois do acidente, começam a anunciar providências. O que está em jogo é a vida de pacientes, acompanhantes e profissionais. A omissão tem consequências, e a população não pode pagar o preço do descaso.”
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