PEC da Blindagem, uma proposta sem vergonha. 19 pernambucanos foram favoráveis

A Câmara aprovou a PEC da Blindagem por 353 votos, dos quais 19 pernambucanos, a 134. A proposta restringe denúncias contra parlamentares

Em setembro de 1999, a Câmara Federal cassou o mandado do então deputado pelo Acre Hidelbrando Paschoal. Era acusado de tráfico de drogas, corrupção eleitoral e, o mais grave, liderar um grupo de extermínio, utilizando, inclusive, motoserra nos homicídios. Escolheu a época errada para cometer crimes. Se confirmada pelo Senado a PEC da Blindagem, aprovada na calada da noite desta terça-feira (16) e madrugada desta quarta-feira (17) pelos deputados federais, Hidelbrando estaria livre e com o mandado a salvo. Bastava apenas ter bom relacionamento com os seus pares.  

A Câmara parece ter perdido o pudor. Nesta terça, teve um dos piores dias da sua história. Não bastasse a aberração desta proposta, foi iniciada uma manobra para salvar o mandato de Eduardo Bolsonaro, que está desde fevereiro morando nos Estados Unidos, articulando sanções contra o Brasil.

A PEC da Blindagem determina que qualquer abertura de ação penal contra parlamentar depende de autorização prévia da maioria absoluta do Senado ou da Câmara. E eles ainda queriam uma covarde votação secreta, para a provação, que só foi derrubada por falta de vots nos destques. Além disso, a proposta concede foro no Supremo Tribunal Federal (STF), vejam só, para presidentes de partidos com assentos no Parlamento. Uma vergonha. Cria uma casta no Brasil protegida por uma legislação criada por eles próprios. Tudo isso sob o pretexto de proteção para o exercício parlamentar. Cometer crimes não tem nada a ver com a ver com a atividade dos deputados.

Dos 353 votos a favor, a bancada de Pernambuco contribuiu com 19, entre eles os cinco deputados do PSB, único dos partidos mais à esquerda da bancada a votar favorável à PEC da Blindagem. Já entre os 134 votos contrários, cinco votos foram de parlamentares pernambucanos. A única abstenção de toda a votação também foi do Estado, Iza Arruda (MDB).

Veja como votaram os pernambucanos na PEC:

Votaram SIM à PEC

  • André Ferreira (PL)
  • Augusto Coutinho (Republicanos)
  • Clarissa Tércio (PP)
  • Coronel Meira (PL)
  • Eduardo da Fonte (PP)
  • Eriberto Medeiros (PSB)
  • Felipe Carreras (PSB)
  • Fernando Coelho Filho (União Brasil)
  • Fernando Monteiro (Republicanos)
  • Fernando Rodolfo (PL)
  • Guilherme Uchoa (PSB)
  • Lucas Ramos (PSB)
  • Luciano Bivar (União Brasil)
  • Lula da Fonte (PP)
  • Mendonça Filho (União Brasil)
  • Ossesio Silva (Republicanos)
  • Pedro Campos (PSB)
  • Waldemar Oliveira (Avante)
  • Pastor Eurico (PL)

Votaram NÃO à PEC

  • Carlos Veras (PT)
  • Clodoaldo Magalhães (PV)
  • Maria Arraes (Solidariedade)
  • Renildo Calheiros (PCdoB)
  • Túlio Gadêlha (Rede)

Ausentes

  • Iza Arruda (MDB)


Essa proposta estapafúrdia, agora, segue para o Senado.  O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que a cada dia fica mais minúsculo, alega que a PEC retroage à Constituição de 1988, que foi alterada posteriormente. E foi mudada para melhor, muito melhor. Essa mudança é o retrocesso ao retrocesso, privilégios que não cabem mais a políticos eleitos pelo voto da população, que, portanto, não podem estar acima dos cidadãos.  

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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