A contradição bolsonarista no 7 de setembro

No Dia da Pátria, bolsonaristas exaltaram bandeiras estrangeiras e símbolos de Donald Trump, que dividiu espaço com o verde e amarelo

“Brasil acima de tudo”, “minha bandeira nunca será vermelha”. Nos últimos anos essas frases foram pronunciadas à exaustão pelos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, que se autodenominavam “patriotas”. Mas o que se viu pelo Brasil neste domingo, 7 de Setembro, dia que se celebra a independência, passa a quilômetros destes lemas tão caros ao bolsonarismo. No Dia da Pátria no Brasil, o que se viu foi a idolatria sem sentido aos Estados Unidos, que, vale lembrar, tem cor vermelha na composição da sua bandeira.

O movimento bolsonarista que dizia encarnar o orgulho de ser brasileiro acabou desfilando sob estandartes estrangeiros. No Recife, um boneco gigante do presidente norte-americano Donald Trump percorreu a Avenida Boa Viagem como se fosse ele o herói nacional. Em São Paulo, na Avenida Paulista, uma bandeira dos Estados Unidos, de proporções gigantescas, foi estendida diante da multidão. Em diferentes cidades, o que se viu foram bandeiras norte-americanas e israelenses tremulando e dividindo espaço com o verde e amarelo da própria nação.

Bolsonaristas perdem discurso

A cena desmonta o principal pilar retórico do bolsonarismo: o patriotismo. Como defender o slogan “Brasil acima de tudo” se, no momento de celebrar a independência do Brasil, o símbolo exibido com mais fervor não foi o da nação brasileira? A contradição é explícita e corrosiva. O 7 de Setembro, que deveria reafirmar a soberania nacional, transformou-se em um ato de exaltação simbólica a países estrangeiros.

Mais grave ainda: o ídolo exaltado, Donald Trump, adotou medidas hostis contra o Brasil. Impôs sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, atingindo diretamente setores exportadores e ameaçando milhares de empregos no país. A reverência a um líder que penalizou trabalhadores brasileiros revela não apenas incoerência, mas também um certo desdém ao interesse nacional.

O resultado é que a narrativa construída nos últimos anos perde seu fundamento. Quem se apresentava como guardião da pátria demonstrou, na prática, que a lealdade não era ao Brasil, mas a um projeto político. O patriotismo bolsonarista mostrou-se um verniz, que desbotou e perdeu o tom.

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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