Uma feira que movimenta mais de R$ 108 milhões em 12 dias de evento. A 25ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte), a maior da América Latina, foi aberta oficialmente no início da noite desta quarta-feira (9) e reunirá, até o próximo dia 20, os principais artesãos de Pernambuco, do Brasil e do exterior. Com o tema “A Feira das Feiras”, o evento será uma celebração à própria história e reunirá no Centro de Convenções de Pernambuco mais de 5 mil artistas, expositores e empreendedores do Estado, de outras partes do Brasil e do exterior.
Com investimento de R$ 15 milhões, a feira é dividida entre 700 espaços de comercialização, sendo mais de 300 dedicados exclusivamente a artesãos pernambucanos. Uma herança que passa de geração para geração. É o caso de Douglas Eudócio, único dos 42 netos de Manuel Eudócio, um dos quatro mestres do barro de Caruaru. Ele segue os passos do avô, que usava os folguedos populares como base para a sua arte, de do pai e dois tios. Fala que os primos preferiram outras atividades.

Outro exemplo é a história da filha e neta de Ana das Carrancas, a “Dama do Barro”, de Petrolina, que tinha como marca o fato de as suas peças possuírem os olhos vazados, como uma homenagem ao seu marido, deficiente visual. As peças das herdeiras são semelhantes à da artesã. Mas bastou uma rápida olhada numa foto de uma carranca, que a neta crava: “Essa é da minha vó”, colcou, sem explicar o segredo que diferenciava a peça das que elas produzem.
A abertura da feira foi feita pela governadora, que destacou a importância do evento para a economia criativa e a valorização cultural do Estado. “São iniciativas como a Fenearte que nós precisamos continuar consolidando. Artesanato, arquitetura, mobiliário: tudo anda junto. É assim que movimentamos a nossa economia, valorizando o que Pernambuco tem de mais autêntico”, afirmou. Ela foi recepcionada pelo xaxado do grupo Cabras de Lampião, de Serra Talhada.
A presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), Ana Luiza Ferreira, informou que a expectativa é superar os R$ 108 milhões de impacto econômico registrados na edição passada, que reuniu 320 mil visitantes. “Esperamos bater esse número e, mais uma vez, encher os olhos e o coração da gente”, afirmou.
Além dos stands, a feira conta com uma programação cultural com 70 apresentações no Palco Pernambuco Meu País, incluindo artistas como Natascha Falcão, Banda de Pau e Corda, Devotos, Ave Sangria, Sagrama e Xangai.
Reconhecimento e memória do artesanato
Realizada desde 2000, a Fenearte homenageia nesta edição as feiras livres, origem de muitos mestres artesãos. Segundo Camila Bandeira, curadora, a escolha do tema reforça essa memória coletiva. “Escolhemos ‘A Feira das Feiras’ para celebrar essa trajetória”, disse. O diretor de conteúdo, Lúcio Omena, destacou o caráter histórico: “Esta é uma edição que comemora 25 anos de uma política de Estado”.

A artesã e ex-coordenadora Geralda Farias, presente desde a primeira edição, afirmou: “Eu guardo a Fenearte como um marco de luz na minha vida. Foram 25 anos de êxito, é um prazer enorme participar”. O evento reúne ainda expositores de 24 estados brasileiros, Distrito Federal, 30 países e oito etnias indígenas.
Artesãos como Isabel Ferrari, que participa pela primeira vez, também ressaltam a importância de estar na Fenearte. “É um reconhecimento enorme. É muito bom conhecer os artistas que sempre admirei de longe e compartilhar meu trabalho com um público tão interessado”, relatou.
Os espaços da Fenearte
Ao longo dos 12 dias, os visitantes poderão conhecer espaços como a Alameda dos Mestres, o Salão de Arte Popular Ana Holanda, Arte Popular Religiosa, Artes Sustentáveis e Pernambuco Faz Design, além da exposição “Fazendo a Feira”, no mezanino. A Fenearte se consolida como ponto de encontro de tradições, negócios e identidade cultural, celebrando 25 anos como uma política pública reconhecida nacionalmente.