Márcio Didier
Desde esta quinta-feira (29), homens e máquinas estão trabalhando no turno da noite nas cabeceiras da Ponte do Monteiro, no Recife, que o prefeito João Campos vem trabalhando para entregar. Enquanto isso ocorria, a governadora Raquel Lyra entregava 128 escrituras do Habitacional Popular Flor do Carmelo e anunciava a construção de seis novas creches no Estado. O que há de comum entre as duas ações? A buscar para apresentar resultados rápidos para, no figurino da gestão eficiente, conquistar a simpatia da população, que pode se transformar, quem sabe, em votos no futuro.
Quem acompanha minimamente política já observou que o grande fluxo de obras ocorre em anos eleitorais. Os gestores, principalmente os prefeitos em cidades de menor porte, deixam para queimar as obras mais perto possível do pleito, para colher, nas urnas, os louros da iniciativa.
Quem não lembra em 2020 do episódio da Ponte do Janga. Já pronta, não era inaugurada. Não tô dizendo que o então prefeito retardou a inauguração para beneficiar o seu candidato naquela eleição. Longe disso. Mas o fato é que a população, cansada dos engarrafamentos para entrar no município e vendo a ponte concluída sem ser entregue, decidiram eles mesmo inaugurá-la. Sem fita, fogos ou fotos, que geralmente marcam esse tipo de evento.
Interessante nestes movimentos na noite da quinta-feira é que os dois gestores, a governadora Raquel e o prefeito João Campos, estão com a marcha no canto, trabalhando para construir essa imagem de gestor que entrega. O prefeito tem um desafio já no próximo ano. E, é o que dizem, poderá ter outro em 2026, quando Raquel tentará a reeleição. Uma disputa entre eles.
Mas o bom nessa história toda é que a população é que sai no lucro, pois não precisa esperar o ano eleitoral para poder usufruir dos benefícios que deveriam ocorrer durante todo o mandato.