Uma comissão de deputados da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) vistoriou o Hospital da Polícia Militar, no bairro do Derby, após denúncias de pacientes sobre precariedade no atendimento. O hospital atende policiais militares, bombeiros e seus dependentes. Durante a visita, os parlamentares constataram falhas na estrutura física, ausência de profissionais de saúde, medicamentos em falta e equipamentos para exames sem manutenção. Após a inspeção, os deputados cobraram providências urgentes ao governo estadual.
Em fevereiro, auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE) confirmou parte das denúncias. O relatório, solicitado pelo Ministério Público de Contas, identificou infiltrações, mofo, desabamento de teto e riscos sanitários. O TCE concedeu prazo de 180 dias para adequações na infraestrutura.
O deputado Alberto Feitosa (PL), integrante da comissão, relatou que militares e familiares denunciaram dificuldades recorrentes no atendimento. “Matérias veiculadas nas redes sociais dos militares mostravam imagens dos pacientes que deveriam ser atendidos no Hospital da PM, mas estavam no chão do Hospital da Restauração (HR) porque não tinha condição do hospital da polícia recebê-los. Ou muitas vezes eles vieram para cá e foram encaminhados para o HR. E diga-se de passagem, que é mais importante fazer o registro, o policial aqui ele paga por isso”, afirmou.
Deputados constatam problemas
Entre os principais problemas apontados estão pisos deteriorados, vidros quebrados, salas com mofo e escassez de medicamentos e insumos básicos. A comissão também relatou ausência de médicos para consultas e acompanhamento especializado. Durante a visita, os parlamentares foram recebidos pelo comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ivanildo Torres, que apresentou as dependências da unidade.
Recursos travados e setor de oncologia paralisado
O presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB), acompanhou a vistoria. Segundo ele, a pintura recente das paredes não escondeu os problemas estruturais. “O que verificamos e escutamos de alguns funcionários e pacientes é que graças a Deus depois que ontem, depois que a gente disse que ia fazer essa visita, começou a ter um mutirão aqui, mas não deu tempo – vocês vão ver aí filmagens, tem fotografias de vários equipamentos amontoados dentro do hospital, setor de oncologia disseram que ia começar a funcionar hoje, já estavam liberando sessenta milhões a partir de hoje”, afirmou.
De acordo com Porto, um servidor da unidade relatou, sob anonimato, que há recursos disponíveis, mas o pagamento de medicamentos aguarda parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE).
O deputado Joel da Harpa (PL), presidente da Comissão de Segurança Pública da Alepe, destacou que o hospital, com 82 anos de funcionamento, precisa de reforma. “É um hospital de 82 anos. A direção do hospital, que está muito comprometida com a melhoria, conseguiu fazer algumas mudanças pontuais. Há uma sinalização também de um aporte maior do Poder Executivo, mas ainda falta muito: o setor de oncologia ainda está com uma dificuldade muito grande, o setor de raio X precisa de uma máquina nova. Há uma deficiência também na questão de pessoal, o último concurso foi feito há 18 anos”, disse.
Audiência pública debateu sistema de saúde militar
Em novembro de 2023, a Alepe realizou uma audiência pública sobre o sistema de saúde dos militares estaduais. A discussão foi promovida pela Comissão de Saúde e pela Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental dos Pernambucanos.
A professora aposentada Landecy Ribeiro, paciente oncológica da unidade desde 2017, relatou a suspensão dos atendimentos médicos. “Eram três oncologistas que atendiam aqui e está sem oncologista. Meu histórico está todo aqui, no computador, e eu estou sem rumo.” Segundo ela, o medicamento aplicado semestralmente para prevenir complicações ósseas também está em falta.
A visita à unidade contou ainda com a presença dos deputados Cayo Albino e Júnior Matuto (PSB), além do deputado federal Coronel Meira (PL).
Fotos: Roberta Guimarães/Alepe
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