Em 10 anos, Olinda completa meio milênio. E a situação é preocupante

Olinda está perto de completar 500 anos e os problemas crescem a cada ano Foto Peu Ricardo

Nesta quarta-feira (12), Olinda completa 490 anos e a situação, infelizmente, não é boa. Em 10 anos, a cidade, uma das cidades mais encantadoras do Brasil, completará 500 anos e os problemas se acumulam ao longo dos anos. E o pior: não há qualquer perspectiva de planejamento que permita mudanças significativas que coloquem a cidade em um patamar que consiga unir a sua beleza arquitetônica com uma qualidade de vida, no mínimo, razoável para os seus moradores. 

As últimas gestões foram cruéis com a cidade, que tem um trânsito caótico, um patrimônio descuidado e um crescimento  desordenado, sem qualquer planejamento. Um exemplo claro de intervenção desmantelada foi o binário da Getúlio Vargas, que transformava a avenida em mão única e colocava uma paralela em sentido contrário, com um investimento de R$ 35 milhões e iniciada em 2023. Num passe de mágica, nada mais foi falado e ficou o dito pelo não dito.

E nem é bom falar do Frankenstein que ficou a Praça 12 de Março. Criada com a proposta de ser um espaço de lazer para crianças, conta com transformadores em dois postes e uma via que termina de forma abrupta no… próprio espaço público, o que já provocou inúmeros acidentes. 

Por meio de nota, a Prefeitura de Olinda informou que: “A Prefeitura tem feito análises sobre o andamento da obra e vai retomar a última etapa de requalificação da Av. Carlos de Lima Cavalcanti”.

Olinda não tem sorte mesmo com intervenções no trânsito. Durante a sua gestão, Renildo reviu a aberração que era a Beira-Mar fechada, a abrindo completamente para o trânsito. Um ponto positivo. Em compensação, foi na sua gestão que foram instalados nada mais, nada menos, do que 23 sinais de trânsito em 4,4 quilômetros, ou um a cada 191 metros, em média. Não tem cidade que consiga andar desse jeito. E tudo permanece da mesma forma. 

Olinda e o descuido com o patrimônio

Se o trânsito é um caos, pior é a situação do Sítio Histórico, uma preciosidade que levou a cidade a ser declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Ali parece que Olinda andou para trás. o descuido com o patrimônio público pode ser visto em todos os lugares. A beleza das construções coloniais contrastam com praças mal cuidadas, sem qualquer zelo com o urbanismo, com gradis enferrujados ou derrubados, como no Carmo.  

Buracos no Sítio Histórico como este foram recuperados, mas sem o devido cuidado Foto: Márcio Didier

Quando a noite vai chegando, a situação piora, com drogados circulando pelas ladeiras. A sensação de insegurança é terrível, inclusive no Alto da Sé, principal ponto turístico da cidade. Além disso, as vias centenárias, por vezes, cedem, e, quando recuperadas, são feitas sem qualquer cuidado com o patrimônio. O que poderia ser uma fonte de recursos para o município vem sendo relegado a segundo plano gestão após gestão. E o Carnaval desordenado está aí para provar.

É torcer que a prefeita Mirella Almeida assuma a função de zeladora da cidade. Apesar de ela ter participado de todos os oito anos da gestão do Professor Lupércio, chega com ideias novas e vontade de trabalhar. É importante que faça um inventário dos problemas e comece a atacar cada uma das muitas mazelas da cidade. E, fica a dica, convocar a sociedade para discutir e apresentar o Projeto Olinda 500 anos, para colocar a cidade no futuro, preservando o passado e cuidando do presente.

Foto principal: Peu Ricardo

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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