Olinda tem Carnaval animado, mas problemas graves se repetem

Nas ruas de Olinda, muito lixo espalhado

O Carnaval de Olinda foi animado como sempre e desorganizado como nunca. Diferentemente dos outros anos, ficou nítida nos primeiros três dias da festa a redução no fluxo de pessoas, ao contrário da terça-feira, que não deu para quem quis. Apesar de um público menor, os problemas estruturais foram maiores e persistentes. Excesso de ambulantes, lixo, cheiro de urina por toda cidade e as cada vez maiores batucadas, que deixam as ruas intransitáveis. Houve acerto, como o palco Pernambuco Meu País, mas ainda assim é preciso ajuste para as próximas edições.

Um dos principais problemas enfrentados pelos foliões foram os ambulantes circulando no meio dos blocos, muitos deles sem a placa de identificação da prefeitura. Eles colocavam seus carros por cima das pessoas, as machucando. Se reclamasse era pior, eles partiam para cima, ameaçando as pessoas. Faltou ao controle urbano um bloqueio mais rígido para evitar que os ambulantes ilegais circulassem pela cidade. Até por respeito a quem estava legalizado.

A infraestrutura sanitária também foi insuficiente para a demanda do público. O resultado foi cheiro insuportável de urina em quase toda a cidade. É lógico que a falta de educação dos foliões é um dos motivos para isso. Mas o número escasso de banheiros químicos e com manutenção deficiente durante a festa colaborou e muito para o mal cheiro da cidade. Some-se a isso o lixo espalhado pela cidade (na foto,a rua 13 de Maio), parte por má educação dos foliões e ambulantes e parte pela quantidade de lixeiras, também em números insuficientes para a quantidade de pessoas. 

Outra questão que precisa ser regulamentada urgentemente pela gestão municipal são as escolas de samba, que a cada ano crescem em número de agremiações e no tamanho de estrutura, o que gera  problemas logísticos. A ocupação simultânea das ruas por todas as agremiações comprometeu a fluidez da festa. Para otimizar esse fluxo, seria necessário um reordenamento dos desfiles, com ajustes na distribuição de horários e no tamanho das baterias e paredões de som.

Acerto no Carnaval olindense

Um acerto no Carnaval deste ano foi o palco Pernambuco Meu País, do Governo do Estado, na Praça da Preguiça, A inclusão de artistas de apelo nacional, como Luísa Sonza, Maneva, Duda Beat e João Gomes, gerou um impacto positivo na cidade, fazendo com que os foliões ficassem na cidade à noite, que não´vinha ocorrendo nos últimos anos, inclusive fazendo um fluxo inverso do Recife para Olinda, movimentando a economia do município. 

No entanto, a infraestrutura do espaço precisa ser repensada. As saídas são insuficientes e estreitas para o número de foliões que frequentam os shows.Isso ficou claro no episódio de violência registrado no show de João Gomes, no qual sete pessoas foram baleadas, reforçando a necessidade de medidas preventivas mais eficazes, inclusive para impedir o acesso de bandidos (quem vai armado para uma festa não pode ser chamado de outra coisa) no local. 

A primeira edição do Carnaval sob a gestão de Mirella Almeida repetiu falhas da gestão de Lupércio, da qual fez parte. Um maior cuidado com o planejamento pode ser o caminho.  Aspectos como ordenamento urbano, segurança e infraestrutura sanitária seguem como pontos críticos que exigem maior atenção da gestão municipal. A persistência desses problemas compromete a experiência dos foliões e reforça a necessidade de mudanças estruturais na organização da festa para os próximos anos.

Futricas e resenhas

  • Em seu primeiro Carnaval no comando da cidade, a prefeita de Olinda, Mirella Almeida, escolheu o Recife para iniciar o sábado de Zé Pereira. Foi ao Galo da Madrugada, ao lado da governadora Raquel Lyra. Por ser a principal festa do município que governa, seria de bom tom que estivesse na cidade, prestigiando a festa mais importante da cidade.

  • O povo só queria saber de Carnaval, mas foi nesse período que a ala bolsonarista do PL pernambucano bateu o martelo sobre a troca do partido pelo PP, sob os auspícios de Ciro Nogueira e Eduardo da Fonte.

  • Pernambucano é uma raça que precisa ser estudada. Durante a apresentação de Luisa Sonza, em Olinda, um folião entregou uma cabeça de La Ursa para a cantora. Ela perguntou se era um símbolo do Carnaval. A população, então, começou a entoar o “A La Ursa quer dinheiro, quem não der é pirangueiro”, Depois de o público repetir uma dez vezes o refrão, ela, educada, fingiu entender. Iria perder muito tempo para entender o que era “pirangueiro”.

  • Há 41 anos, o ex-deputado André Campos comanda o Balança Rolha. Primeiro nas prévias em Boa Viagem. Agora com um camarote no Galo da Madrugada. E foi um dos melhores e mais animados da avenida. Tudo funcionou.


Veja também:

Raquel Lyra vai a Olinda e abre Carnaval de Pernambuco 2025

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

anúncio
anúncio
anúncio
SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

Galeria de Imagens
Mande sua pauta e se cadastre
Enviar via WhatsApp