O Hospital da Criança do Recife (HCR) Antônio Carlos Figueira alcançou 80% de execução e tem entrega prevista para o primeiro semestre de 2026. A estrutura integra a estratégia municipal de reorganização da rede pediátrica do Recife, com foco no atendimento 100% SUS para crianças e adolescentes residentes na capital. Nesta terça-feira (18), o prefeito João Campos vistoriou o canteiro de obras acompanhado do vice-prefeito Victor Marques, da secretária de Projetos Especiais, Marília Dantas, e da secretária de Saúde, Luciana Albuquerque.
“Além de vistoriar as obras, hoje também é um dia especial porque estamos acompanhados de mães atípicas, que trouxemos para mostrar essa fase final de construção e ouvir sugestões de ajustes que podem ser feitos no hospital – como encefalograma 24h, consultórios odontológicos com sedação, entre outras coisas”, falou João Campos. “É muito importante, além de fazer tudo bem feito, construir de forma conjunta, com qualidade e escutando quem mais precisa”, afirmou o prefeito.
Investimento e estrutura do hospital
O HCR representa um investimento superior a R$ 200 milhões, financiado pelo Ministério da Saúde e pela Prefeitura do Recife. A unidade está sendo construída na Avenida Recife, número 121, e terá 12 mil metros quadrados. O hospital contará com 60 leitos, sendo 50 de enfermaria e 10 de UTI pediátrica, além de 15 subespecialidades, como Neuropediatria, Gastroenterologia, Psiquiatria Infantil, Psicologia e Odontopediatria.
“É uma alegria coordenar uma obra tão importante. O Hospital da Criança é um equipamento essencial para o cuidado pediátrico da nossa cidade e o trabalho conduzido aqui reforça nosso compromisso com a qualidade da obra, o atendimento, a segurança das famílias e a melhoria dos espaços onde as nossas crianças serão acolhidas”, destacou Marília Dantas. “Estamos atuando com responsabilidade técnica e sensibilidade social para garantir que cada etapa avance com eficiência e respeito ao funcionamento do hospital, porque investir aqui é investir no futuro do Recife”, afirmou.
A obra compõe o ciclo de ampliação de capacidade da rede municipal, que, segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), registrou aumento de 17% nos atendimentos pediátricos municipais entre 2020 e 2024.
Centro TEA/NDI
Um dos destaques do HCR será o Centro TEA/Núcleo de Desenvolvimento Integral (NDI), espaço projetado para crianças e adolescentes com deficiência temporária ou permanente, transtornos do neurodesenvolvimento e condições neurodivergentes. O centro terá capacidade para 1.800 atendimentos mensais, com equipe multiprofissional composta por neuropediatras, psiquiatra infantil, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicólogo e assistente social.
“A partir de uma conversa com mães atípicas – mães de crianças com TEA e de crianças com microcefalia, decorrentes da síndrome congênita do zika vírus –, o prefeito determinou que nós deveríamos ter aqui um centro TEA e um centro de equoterapia. Além das 18 especialidades médicas, teremos 26 tipos de exames diferentes, 8 especialidades não médicas e um centro de especialidades odontológicas com 7 consultórios”, detalhou Luciana Albuquerque. “É uma grande alegria acompanhar a maior obra que temos hoje na cidade do Recife, e estamos muito animados para fazer essa entrega em breve”, disse.
O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é caracterizado por desafios na comunicação, interação social e comportamento, demandando terapias continuadas e interdisciplinares.
Equoterapia em hospital público
O Centro TEA/NDI abrigará o primeiro espaço de equoterapia dentro de um hospital público no Nordeste. A prática terapêutica utiliza o cavalo para estimular desenvolvimento cognitivo, motor e social. Em países da OCDE, a equoterapia é integrada a protocolos de reabilitação desde a década de 1990, segundo estudos do National Institutes of Health (NIH).
420 mil exames anuais
Outro eixo estrutural do HCR será o Centro de Diagnóstico Integral (CDI), criado para reduzir filas e ampliar o acesso a consultas e exames. O espaço terá capacidade para mais de 8.600 atendimentos mensais e 35 mil procedimentos diagnósticos por mês — o equivalente a 420 mil exames por ano. O hospital também contará com um Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) Tipo III, projetado para realizar 2.700 atendimentos mensais.
Escola Hospitalar
O terceiro andar da unidade abrigará uma Escola Hospitalar voltada à manutenção do processo educativo durante a internação. O espaço terá capacidade para até 60 estudantes.
“Qualquer criança internada, mesmo que por apenas um dia, é atendida pelos nossos professores, porque a classe hospitalar é essencial para garantir a continuidade do processo de aprendizagem. Quem convive com crianças sabe que é no dia a dia que construímos toda a transformação que a educação proporciona. Quando uma criança precisa ir para o hospital, esse processo poderia ser interrompido, e a classe hospitalar existe justamente para evitar isso pelo tempo que for necessário”, explicou a secretária de Educação, Cecília Cruz.
Sobre o espaço no Hospital da Criança, acrescentou: “teremos mais leitos infantis e uma classe hospitalar que atenderá todos eles, com capacidade para até 60 estudantes, seja no espaço escolar — planejado no último andar e desenhado especialmente para ser uma escola — seja no próprio leito, quando a criança não puder se deslocar.”
Encontro com mães atípicas
A vistoria incluiu um novo encontro com representantes da Associação de Mães Neurodivergentes do Recife. O grupo já havia sido recebido pela gestão municipal em 26 de maio deste ano para apresentar demandas relativas ao cuidado dos filhos.
Uma das participantes, Mara Cecília Guimarães, mãe de Samara, de 8 anos, ressaltou a importância do equipamento.
“É a concretização de um sonho que foi implementado lá atrás, e eu estou muito feliz por essa conquista. Mas, além de feliz, é saber que essas crianças atípicas vão ter a oportunidade de um cuidado, de um olhar diferenciado. Para nós, que moramos dentro de uma comunidade, é bastante difícil ter uma criança com TEA, porque ficamos peregrinando atrás de neurologista, psiquiatra… Então, o que deveria ser uma intervenção logo no início acaba sendo retardado, e isso também atrasa o desenvolvimento da criança. Quanto mais cedo essa intervenção acontecer, melhor não só para a criança, mas para a sociedade”, disse.
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