A eleição para o Senado tem peculiaridades que a distinguem das demais disputas. Primeiro porque é uma eleição majoritária com cara de proporcional, por isso, tem uma dependência forte do candidato ao governo, por isso, e envolve negociações mais complicadas de serem fechadas. E a disputa em Pernambuco no próximo ano tem singularidades bem mais complicadas. Tem nome que todos julgam como candidata a federal, mas lidera a corrida para a Casa Alta; uma federação nacional inacabada, mas que, no estado, tem dois nomes fortes e empatados; e, por fim, candidatos da direita sem nome para a disputa pelo governo.
Certamente, a maior dor de cabeça está no campo de oposição. O prefeito e candidato ao Governo, João Campos, tem excesso de nomes colocados para compor a chapa no Senado. Um com nome cativo, o senador e candidato à reeleição, Humberto Costa. Para a outra vaga, a cada pesquisa divulgada, fica mais difícil ignorar a força de Marília Arraes. Até então colocada nos bastidores como pré-candidata a deputada federal, ela lidera com folga todas as pesquisas para o Senado. Isso certamente joga uma pressão para colocá-la na chapa.
“Ah, mas Marília perdeu as duas últimas eleições que disputou”, dizem os críticos, com razão. Mas esquecem que nas duas eleições foi derrotada no segundo turno, após vencer o primeiro em ambas. E a eleição para o Senado só tem uma etapa. Mas colocá-la na chapa é certeza de um custo político. Presidente do Republicanos, Silvio Costa Filho não se vê em outra disputa que não o Senado. Miguel Coelho tem como alternativa a Câmara dos Deputados, mas a federação vingar, João pode perder esse apoio.
Raquel e o Senado
Além disso, no campo político da governadora e candidata à reeleição, Raquel Lyra, a composição para o Senado ainda está aberta, com o nome de Eduardo da Fonte, caso queira disputar e resolver a pendenga da federação, pode ter uma vaga. A outra, seria um ativo da governadora para atrair outra sigla. Pode ser o PL, com Anderson Ferreira ou Gilson Machado. Mas ganhará o carimbo do bolsonarismo. Num estado em que o presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva tem uma aprovação de 61%, segundo o Datafolha, e lidera a corrida presidencial com 54%, é uma aposta complicada de bancar.
Numa eleição pouco acompanhada pela população, a disputa pelas duas vagas no Senado terá componentes que vão além da composição primária de alianças. Até porque, a depender do resultado, a oposição passará a ter maioria na Casa, podendo inclusive votar impeachment de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Por isso, a conta da formação das chapas envolverá outras variáveis, que não apenas a eleitoral.
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