A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) completa 190 anos de fundação e marca a data com uma programação especial que integra história, cultura e cidadania. O ponto central das comemorações será o seminário “Alepe 190 Anos: História, Cidadania e Representação na Casa do Povo Pernambucano”, que ocorrerá na quarta-feira (23), das 8h às 12h30, no Auditório Sérgio Guerra. No mesmo dia, será lançada a nova série do podcast narrativo “Sagas Pernambucanas”, produção da Rádio Alepe que revisita episódios históricos e destaca os 200 anos da Confederação do Equador, movimento decisivo na formação política do Brasil.
O evento, aberto ao público, reunirá historiadores, professores, jornalistas, estudantes e parlamentares em um diálogo sobre o papel do Legislativo na consolidação da cidadania. A programação inclui a mesa redonda “Do Império à República: O Legislativo Pernambucano e os Caminhos da Democracia”, que abordará a evolução da Alepe e sua relação com as transformações sociais e políticas ao longo dos séculos.
Debate histórico e cidadania
A palestra principal será ministrada pela doutora em História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Suzana Cavani. A mediação ficará a cargo da pesquisadora Lídia Rafaela dos Santos, doutora em História pela Universidade Federal Fluminense e professora da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap).
O seminário contará também com apresentações dos historiadores George Cabral, doutor em História pela Universidade de Salamanca e professor titular da UFPE; Marcus Carvalho, professor titular de História do Brasil na UFPE; Dirceu Salviano Marroquim, doutor em História Social pela Universidade de São Paulo e integrante do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco (IAHGP); e Marcelo Casseb, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Pernambuco (UPE) e doutor em Direito pela Universidade de Brasília (UnB).
Segundo o superintendente de Preservação do Patrimônio Histórico do Legislativo, Airton Paes, os 190 anos da Alepe representam mais do que uma celebração institucional. “É um convite à reflexão sobre o papel do Legislativo na construção da cidadania. Reuniremos vozes que ajudam a contar essa trajetória e a projetar os próximos capítulos da nossa democracia. Com o podcast Sagas Pernambucanas, revisitaremos episódios marcantes, valorizando os atores locais e fortalecendo o vínculo entre memória, identidade e participação política”, destacou Paes.
Podcast e memória política
O lançamento do podcast está previsto para as 11h20, seguido de um círculo de conversas sobre a Confederação do Equador e seus impactos na história política do país. A primeira temporada apresenta episódios decisivos da formação nacional, com foco na atuação de Frei Caneca e Manuel de Carvalho Paes de Andrade, líderes da insurreição de 1824 contra o centralismo imperial.
Produzido pela Rádio Alepe, o podcast é a primeira narrativa sonora criada por uma assembleia legislativa no Brasil. Idealizado pelo jornalista André Zahar, que divide a locução com Clarissa Falbo, o projeto teve base em ampla pesquisa na Biblioteca da Alepe e em acervos históricos do estado.
“Foi interessante descobrir o quanto os temas de 200 anos atrás seguem em disputa. A Confederação do Equador traz posições avançadas, que iluminam debates atuais sobre desigualdades regionais, defesa da ordem constitucional e repúdio ao autoritarismo”, afirmou Zahar.
Para o presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto, a história de 190 anos da Casa Joaquim Nabuco reforça a responsabilidade do Legislativo com a população. “Sempre trabalhamos para servir a população, levando direitos e garantias. A Assembleia de Pernambuco sempre será uma Casa que, além de legislar e fiscalizar, acolherá anseios, assegurará direitos e viabilizará conquistas dos pernambucanos”, ressaltou.
O primeiro-secretário da Alepe, deputado Francismar Pontes, acrescentou que “Comemorar os 190 anos da Alepe é reafirmar o papel do Legislativo como um dos pilares da democracia. Nesta data, destacamos o compromisso da instituição com uma sociedade justa, livre e solidária. Os parlamentares que passaram por esta Casa deram vez e voz ao povo pernambucano”, concluiu.
Luta e legado democrático
A Confederação do Equador foi um movimento de resistência ao centralismo do Império, defendendo maior autonomia política e econômica das províncias. Lideranças civis e militares pernambucanas formularam ideias de federalismo, separação de poderes e liberdade civil, princípios que continuaram a influenciar o debate democrático no país. Apesar da repressão, o movimento deixou um legado duradouro de participação popular e defesa das liberdades.
