O pátio do Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa) se transformou, nesta sexta-feira (17), em um espaço de cuidado e informação voltado à saúde da mulher. Dezenas de trabalhadoras e frequentadoras do local participaram de mais uma edição da ação promovida pelo Instituto Cristina Tavares de Apoio ao Adulto com Câncer (ICT), em parceria com o Centro Diagnóstico Lucilo Ávila. Foram oferecidos exames gratuitos de mamografia, ultrassonografia e Papanicolau, além de uma roda de conversa sobre prevenção e diagnóstico precoce dos cânceres de mama e colo do útero, conduzida pela oncologista Christiane Violet, fundadora do ICT, e pela radiologista Mirela Ávila.
A iniciativa, realizada anualmente desde 2021, é resultado da parceria entre o ICT e o Centro Diagnóstico Lucilo Ávila, com apoio da Associação dos Usuários e Comerciantes do Ceasa (Assucere). O evento contou também com a presença da ouvidora da Secretaria da Mulher do Estado, Lúcia Gominho, do diretor técnico-operacional do Ceasa, Charles Gultiergues, do empresário Euclides Paiva, e da ouvidora do Ceasa, Tuliane Wanderley.
Diagnóstico precoce salva vidas
Durante a ação, mulheres tiveram acesso ao exame clínico das mamas e ao preventivo ginecológico (Papanicolau), realizados pela ginecologista Eugênia de Albuquerque, dentro do projeto Preventivo Móvel, criado pelo Instituto Cristina Tavares. Casos que demandaram exames complementares receberam vouchers para mamografia e ultrassonografia, disponibilizados gratuitamente pelo Centro Diagnóstico Lucilo Ávila.
“Essa ação já acontece há quatro anos. Começou logo após a pandemia, diante do aumento dos casos de câncer de mama e de colo do útero. A proposta surgiu com a Dra. Mirela, do Lucilo Ávila, e desde então unimos forças entre o setor privado e o terceiro setor. A gente separa os casos que precisam de uma avaliação melhor, e o Lucilo Ávila preenche essas necessidades. A parceria vai durar muitos anos”, afirmou a oncologista Christiane Violet.
A radiologista Mirela Ávila destacou o compromisso do Centro Diagnóstico com o acesso à saúde. “Participar de ações como o mutirão de biópsias de mama é parte fundamental do nosso propósito. Cuidar da saúde é um direito de todos, e por isso promovemos iniciativas que ampliam o acesso ao diagnóstico precoce do câncer de mama. Cada exame representa uma oportunidade de acolher e transformar vidas.”
Ceasa e os cuidados médicos
Entre as mulheres atendidas, muitas ressaltaram a dificuldade de conciliar o trabalho no Ceasa com os cuidados médicos. A comerciante Damiana Maria da Silva, de 63 anos, moradora de Olinda, destacou a importância da ação. “Vi o anúncio e vim fazer. Faz dois anos que fiz meu último exame. Sempre faço exames, porque minha irmã teve câncer de mama e precisou tirar o seio. A gente tem que se cuidar”, disse.
Para Andréa Maria, de 52 anos, a iniciativa representa acesso e acolhimento. “É muito bom, principalmente para a gente que trabalha aqui, corre tanto e não tem tempo. Muitas vezes não pensamos na gente. Minha mãe faleceu com câncer. Eu tive um nódulo e consegui encaminhamento para fazer os exames. É muito difícil e caro. Eu só saio daqui quando acabar”, afirmou.
Já Anne Santos, de 50 anos, relatou que aproveitou o convite de uma amiga para participar. “Fiz meu exame há três anos. O câncer de mama às vezes está lá e a gente não descobriu. É silencioso, e quando sente alguma coisa pode ser tarde. Se a gente quer viver com saúde, tem que se cuidar. Eu sou hipertensa, estou saindo de uma depressão, crise de ansiedade, então estou me cuidando, fazendo exercícios e o preventivo”, contou.
Parcerias que geram impacto
A ação integra as atividades do Outubro Rosa, mês de conscientização sobre a prevenção do câncer de mama, e reforça o papel das parcerias entre o poder público, o setor privado e as organizações sociais na ampliação do acesso ao diagnóstico. “O diagnóstico precoce é o segredo da cura do câncer. Quando a doença é detectada cedo, aumentam significativamente as chances de sucesso do tratamento”, completou Christiane Violet.
O câncer de mama é o tipo mais comum entre mulheres no Brasil, excetuando o de pele não melanoma. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa para o triênio 2023-2025 é de cerca de 74 mil novos casos por ano no país. A detecção precoce, por meio de exames anuais de mamografia a partir dos 40 anos, é o principal fator para reduzir a mortalidade.