A reforma do Aeroporto Oscar Laranjeira, em Caruaru, provocou um embate público entre a governadora Raquel Lyra (PSD) e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos). Durante cerimônia no Palácio do Campo das Princesas, a gestora anunciou que o Governo de Pernambuco financiará integralmente a obra, sem participação de recursos federais. Segundo ela, a intervenção será custeada com valores oriundos de operações de crédito já contratadas pela administração estadual.
“Decidimos fazê-lo com recursos do Governo de Pernambuco, isso amplamente dialogado com a Casa Civil da Presidência da República”, afirmou Raquel Lyra. A governadora informou que a nova licitação da obra, orçada em R$ 138 milhões, contempla a requalificação da pista e da área de embarque e desembarque, além da construção de um novo terminal de passageiros. Ela acrescentou que o edital foi republicado após ajustes solicitados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e que o projeto integra o conjunto de investimentos em infraestrutura aeroportuária que também abrange Serra Talhada, Salgueiro e Fernando de Noronha.
“A gente espera que muito em breve tenhamos a obra sendo realizada lá”, completou a gestora.
Ministro fala em “erro político”
Horas após o anúncio, o ministro Silvio Costa Filho reagiu, classificando como “inacreditável” a decisão do governo estadual de abrir mão de recursos federais e optar por empréstimos. Segundo ele, o Ministério de Portos e Aeroportos havia disponibilizado R$ 75 milhões para a requalificação do aeroporto e estava preparado para executar 100% da obra com recursos próprios.
“O que vemos é uma decisão estreita da governadora Raquel Lyra. Abrir mão de R$ 150 milhões do Governo Federal para pegar empréstimo e bancar a obra do aeroporto é um erro, na minha avaliação. É inacreditável a decisão de Raquel Lyra de recusar recursos federais e optar por empréstimos para custear o aeroporto de Caruaru”, declarou o ministro.
Silvio Costa Filho afirmou ainda que o projeto ficou mais de um ano parado por ajustes técnicos solicitados pela gestão estadual, o que teria atrasado o cronograma da obra. “Nosso compromisso é com o desenvolvimento do estado e com o fortalecimento da infraestrutura aérea de Pernambuco. Não podemos admitir que disputas políticas atrasem projetos que trariam empregos, turismo e crescimento para o Agreste e para todo o estado”, acrescentou.
O ministro também relacionou a decisão da governadora a um cálculo político, ao afirmar que vê “uma decisão de caráter eleitoral”, já que Raquel Lyra é pré-candidata à reeleição e ele próprio é pré-candidato ao Senado, na chapa do prefeito do Recife, João Campos (PSB).
Mudança de posiçãon sobre aeroporto
No primeiro trimestre do ano, durante o lançamento do projeto do novo aeroporto, a governadora havia destacado a parceria com o Governo Federal, ressaltando que o avanço da iniciativa só foi possível “graças a uma decisão política do ministro Silvio e do presidente Lula”. Na ocasião, Raquel defendeu que o empreendimento não tinha coloração partidária e afirmou que seria “muito importante para o Estado se o novo aeroporto fosse construído totalmente com recursos federais”.
O ministro recordou esse posicionamento e lamentou a mudança de postura da gestão estadual. “Vale frisar que a decisão da governadora vai na contramão da parceria que o governo do presidente Lula tem estabelecido com Pernambuco através de investimentos do Ministério de Portos e Aeroportos como recursos para o Porto de Suape e Porto do Recife, requalificação do Aeroporto de Recife, Petrolina e Serra Talhada, além da inclusão dos aeroportos de Garanhuns e Araripina no Programa de Investimentos nos Aeroportos Regionais (AmpliAR)”, afirmou.
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