A Infra S.A. confirmou que lançará em outubro o edital de licitação para retomada do trecho pernambucano da Transnordestina, interligando Salgueiro ao Porto de Suape. A contratação da obra está prevista para o primeiro semestre de 2026. O anúncio foi reforçado nesta quinta-feira (25) durante o seminário Conexões Transnordestina, realizado em Belo Jardim, no Agreste, numa parceria entre o porral Movimento Econômico e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
O superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, afirmou que a ferrovia representa um passo estratégico para a economia regional. Segundo ele, a obra tem potencial de reduzir custos logísticos, ampliar a competitividade e atrair novos investimentos para o Nordeste. “A ferrovia poderá otimizar o escoamento da produção e facilitar a logística de insumos e mercadorias, criando um novo horizonte para a expansão industrial”, disse.
Impacto da Transnordestina
O Grupo Moura, referência na produção de baterias automotivas, é um dos setores que podem ser beneficiados com a chegada da ferrovia. O diretor de Metalurgia, Compras e Sustentabilidade da companhia, Flávio Bruno, destacou a relevância da logística para o crescimento da indústria. “Nós nos dividimos em manufatura e distribuição e, a partir dessa estratégia, estamos em 60% dos carros do Brasil. E 15% do que compramos para produzir as baterias vêm da Ásia”, afirmou.
Outro segmento em destaque foi a avicultura, atividade que movimenta a economia do agreste pernambucano. De acordo com a Associação Avícola de Pernambuco (Avipe), o estado possui cerca de duas mil granjas, responsáveis por uma produção de 14 milhões de ovos por dia e 14 milhões de frangos por mês. A cadeia gera aproximadamente 180 mil empregos diretos e indiretos. Para o vice-presidente da Avipe, Edival Veras, a ferrovia será determinante para reduzir custos de insumos como milho e soja. “Somente a avicultura tem capacidade de transportar 48 mil contêineres por ano”, disse.
Papel do Estado e da Sudene
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, ressaltou o esforço do governo estadual em recolocar o ramal até Suape entre as prioridades da União. “Nosso objetivo tático é retomar a obra”, declarou.
A Sudene tem papel central na viabilização da Transnordestina. No Ceará, é a principal financiadora do projeto, utilizando recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE). Já em Pernambuco, atua como articuladora entre entes federativos e políticas públicas voltadas ao planejamento regional.
Próximos debates
O seminário Conexões Transnordestina – a ferrovia que mudará Pernambuco terá sete edições até o fim do ano. Em outubro, o evento chega ao município de Caruaru. Antes de Belo Jardim, os encontros foram realizados em Salgueiro, Petrolina e Araripina, no Sertão.