Na presença de lideranças nacionais e regionais do Partido dos Trabalhadores, como o presidente nacional Edinho Silva, o ex-ministro José Dirceu, os senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, além dos três deputados estaduais do partido e de dirigentes de legendas aliadas, o deputado federal Carlos Veras tomou posse neste domingo (24) como novo presidente estadual do PT em Pernambuco.
Em seu discurso, Veras foi direto ao marcar os limites das alianças que o partido poderá aceitar para 2026 em Pernambuco. “Não queremos o senador do PT numa chapa em que o outro seja um fascista, seja um bolsonarista. Tem que ser do campo democrático-popular. Não vamos admitir esse tipo de aliança.”
A fala, dirigida a uma plateia atenta e embalada pelo clima de reafirmação política, foi um recado claro no momento em que se iniciam as articulações para a sucessão estadual. O senador Humberto Costa, nome certo para disputar novamente o Senado, foi exaltado não só por Veras, mas por todos os presentes, como referência nacional nas políticas públicas de saúde e um quadro estratégico para o partido.
Mas o novo presidente deixou evidente que não aceitará que o PT seja “moeda de troca” em composições que não estejam alinhadas com os princípios e a história da legenda. “A vaga do Senado Federal é do PT. Mas não vamos simplesmente sentar na mesa e dizer: ‘tá aqui a vaga do Senado, é Humberto’. Não. Vamos rodar o estado com uma plataforma, com propostas para segurança pública, saúde, educação e assistência social. Quer compor com o PT? Tem que defender o que o PT defende.”
Veras também destacou a importância de unidade interna, pedindo que os quadros do partido leiam e se alinhem ao manifesto de fundação do PT, que, segundo ele, “está mais atual do que nunca”. O presidente recém-empossado defendeu que dirigentes, parlamentares e militantes atuem de forma coerente com os princípios petistas, especialmente nas disputas eleitorais:
“Não vamos admitir nenhum dirigente municipal, nenhuma liderança do partido ocupando cargo público ou legislativo fazendo aliança com quem ataca o PT. Nós somos o partido dos trabalhadores, da transformação, e quem estiver com a gente tem que estar na mesma luta.”
A solenidade de posse também contou com a presença de Sileno Guedes, presidente estadual do PSB, que chegou quase ao final do evento. Veras fez menção à necessidade de construção de unidade entre os partidos da Federação Brasil da Esperança e com legendas do campo progressista, mas alertou que as alianças terão que ser construídas com base em conteúdo programático e não apenas com base em interesses eleitorais.
“Queremos aliados que estejam ao lado do presidente Lula, que defendam o que o PT defende. Pernambuco precisa de Lula, e quem quiser governar o estado terá que governar com ele.”
O novo presidente estadual afirmou que o partido precisa voltar a crescer nas bases, aumentar as bancadas federal e estadual e integrar mais os mandatos às lutas populares. Anunciou também que promoverá posses regionalizadas, para aproximar ainda mais o PT dos municípios e das lideranças locais.
Em tom emocionado, Veras encerrou sua fala agradecendo à família e reafirmando seu compromisso com a luta contra o fascismo e a ultradireita:
“Não adianta eu estar em casa com meus filhos e entregar a eles um futuro de terra arrasada. Em 2026, temos que estar fortes para enfrentar os fascistas. Esse é o nosso dever.”
A posse de Carlos Veras marca um novo momento para o PT de Pernambuco, com o desafio de reorganizar o partido, disputar com vigor o cenário eleitoral de 2026 e manter o protagonismo no campo da esquerda no estado.
Formado em 1991 pela Universidade Católica de Pernambuco, Márcio Didier foi editor-assistente de Política do Jornal do Commercio, editor do Blog da Folha e estrategista de comunicação de empresas e parlamentares
Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação