Olinda, guarda armada e moradores de rua

Olinda anuncia que parte da Guarda Municipal começa a atuar armada. Mas há outros pontos que podem melhorar a segurança

Olinda está se tornando uma cidade complexa. Enquanto a gestão celebra o fato de a Guarda Municipal passar a portar arma de fogo, nas ruas aumenta o número de moradores em situação de vulnerabilidade que buscam nas marquises de lojas e galeria o abrigo para dormir. Nesse caso não se vê qualquer ação do poder público. Se é no trânsito, espalha pardais na cidade, mas não encampa uma campanha de conscientização no trânsito. Na dúvida entre cuidar e educar ou reprimir e punir, opta sempre pela segunda opção, o caminho mais fácil.

Ao anunciar nesta segunda-feira (28) a novidade de que a tropa passaria a portar arma, a gestão municipal destacou que os guardas passaram “por um processo rigoroso de capacitação, avaliação e fiscalização”. Acrescenta que “passaram por um curso de armamento e tiro com carga horária de 100 horas-aula”, que foram realizados “280 disparos com arma de fogo” e que a “prova final foi supervisionada presencialmente por agentes da Polícia Federal”. E a preparação psicológica dos agentes?  

Só a critério de comparação, o Curso de Formação e Habilitação de Praças (CFHP) da Polícia Militar tem duração aproximada de sete meses, com carga total de 1.080 horas-aula, distribuídas em 39 disciplinas que abrangem direito, psicologia, direitos humanos, armamento, abordagem policial, entre outras áreas essenciais para a atuação policial. E mesmo com toda essa preparação, sempre há denúncias de comportamento inadequados por parte dos policiais.

Segurança vai além da guarda armada

É muito importante que os municípios se envolvam na questão de segurança, uma atribuição destacada na Constituição ao Executivo estadual. Mas há formas de ajudar, antes de partir para a questão do armamento, que parece muito mais uma resposta às cobranças em relação à violência do que uma política pública do município.

Uma das ações poderia ser voltada aos moradores de rua. É inaceitável o que está acontecendo à noite nas vias de Olinda. Logo na entrada da cidade, no Varadouro, moradores de rua se reúnem para comer e consumir drogas abertamente há anos,sem que haja qualquer ação da gestão para intervir. No Sítio Histórico e no centro comercial da cidade, também ao cair da noite, moradores de rua ocupam as frentes de loja, de galerias ou sob marquises em busca de abrigo. E cada dia que passa, o número de indigentes só aumenta. São eles que abordam turistas e moradores, muitas vezes os intimidando e os ameaçando, em busca de dinheiro. Mas não há qualquer movimento da gestão para coibir isso.

Combater a violência é, também, olhar para os invisíveis e incluí-los nas políticas públicas. E não deixá-los ao Deus dará. Melhorar a iluminação pública (muitos dos refletores de LED parecem discoteca de tanto piscar) e cuidar das vias (e não é colocando pardais, mas tapando os buracos) também ajudaria muito na segurança, talvez até mais do que armar a guarda municipal. Mas, enfim, são escolhas de gestão.

Foto: Imagem criada por IA

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Uma resposta

  1. Corretíssimo, Olinda está abandonada, parece que essa gestão ainda não sabe por onde começar e já se passaram seis meses…

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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