Professores pressionam Alepe por reajuste, mas não há quórum para votar

Os professores ocuparam as galerias da Alepe, mas, assim como as últimas sessões, não houve quórum para votação de matéria Foto Roberto Soares Alepe

ntegrantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) ocuparam as galerias da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) nesta quarta-feira (4) para pressionar a base governista a votar o Projeto de Lei Complementar nº 2968/2025, que trata do reajuste salarial para professores e profissionais da categoria. A proposta prevê percentuais de até 8,38%, retroativos a janeiro, para servidores da rede estadual.

Nas últimas semanas, as sessões plenárias têm sido encerradas por falta de quórum — são necessários ao menos 25 deputados presentes para votações. A paralisação atinge outras matérias, como o pedido de autorização para contratação de empréstimo de R$ 1,5 bilhão e as indicações do Executivo para cargos estratégicos, como a gestão de Fernando de Noronha e a presidência da Adagro.

Parlamentares cobram presença da base aliada

Durante a sessão, todos os discursos trataram do impasse. A deputada Dani Portela (PSOL) criticou a ausência da base governista e sugeriu que os professores cobrassem diretamente do Executivo. “Defendam a educação, aprovem o reajuste e respeitem essa categoria de luta. Por uma educação pública, plural, inclusiva e de qualidade!”, afirmou.

O deputado Coronel Alberto Feitosa (PL) acompanhou a crítica e disse que o Governo “ilude a população” ao culpar a Alepe. Segundo ele, o Executivo já possui autorização para captar R$ 9 bilhões, mas falta eficiência na aplicação dos recursos. “Saiam daqui e vão cobrar lá na frente do Palácio, sobretudo à Casa Civil, porque o projeto do reajuste já está pautado”, disse.

A deputada Delegada Gleide Ângelo (PSB) também protestou contra a falta de quórum. “Nosso grande problema hoje em Pernambuco é a falta de diálogo com gestores e com os trabalhadores. As coisas não podem ser feitas sem diálogo”, afirmou.

Professores se reúnem com governadora

Após a sessão, os profissionais da educação acataram a sugestão dos parlamentares e foram em caminhada ao Palácio do Campo das Princesas. A governadora Raquel Lyra (PSD) recebeu uma comissão de sindicalistas e garantiu que o reajuste será pago na folha de junho, mesmo que o projeto seja aprovado após o fechamento da folha. Ela informou que o Governo está preparado para rodar uma folha suplementar em até 48 horas após a votação.

A governadora Raquel Lyra recebeu uma comissão e disse que o Estado pode rodar uma folha extra para garantir o pagamento do reajuste Foto: Hesíodo Goes/Secom

“A folha salarial vai ser paga dia 20, e nós estamos prontos para rodar uma folha extra caso a votação do projeto pelo Legislativo não seja feita até essa data. Vamos deixar tudo pronto para que em até 48 horas após a votação façamos a liberação dos recursos. Educação é prioridade para o nosso governo”, declarou a gestora.

A governadora também anunciou a antecipação do pagamento dos salários de junho para o dia 20. A medida injetará R$ 1,6 bilhão na economia, contemplando 225 mil servidores, entre ativos, aposentados e pensionistas.

A presidente do Sintepe, Ivete Caetano, destacou o avanço nas negociações com o Executivo. “A progressão com o desempenho era uma coisa que estava parada há 27 anos, e conseguimos avançar junto ao governo. São mais de 70 mil trabalhadores da educação que estão sendo contemplados”, disse.

Deputados apontam antecipação do debate eleitoral

Renato Antunes (PL) criticou o uso da pauta da educação como instrumento político. “Existem matérias que não podem ser barganhadas, e o que eu sinto hoje é vergonha, porque estou vendo a educação sendo tratada com desdém”, declarou.

João Paulo (PT) afirmou que o impasse prejudica diretamente os professores. “O cerne da discussão está ligado à antecipação do processo eleitoral. A categoria corre o risco de não ter o reajuste incorporado na próxima folha de pagamento”, disse.

Rosa Amorim (PT) defendeu os profissionais da educação e cobrou responsabilidade. “Quem sai perdendo com essa disputa é o povo pernambucano e os professores e professoras do Estado”, concluiu.

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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