ntegrantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) ocuparam as galerias da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) nesta quarta-feira (4) para pressionar a base governista a votar o Projeto de Lei Complementar nº 2968/2025, que trata do reajuste salarial para professores e profissionais da categoria. A proposta prevê percentuais de até 8,38%, retroativos a janeiro, para servidores da rede estadual.
Nas últimas semanas, as sessões plenárias têm sido encerradas por falta de quórum — são necessários ao menos 25 deputados presentes para votações. A paralisação atinge outras matérias, como o pedido de autorização para contratação de empréstimo de R$ 1,5 bilhão e as indicações do Executivo para cargos estratégicos, como a gestão de Fernando de Noronha e a presidência da Adagro.
Parlamentares cobram presença da base aliada
Durante a sessão, todos os discursos trataram do impasse. A deputada Dani Portela (PSOL) criticou a ausência da base governista e sugeriu que os professores cobrassem diretamente do Executivo. “Defendam a educação, aprovem o reajuste e respeitem essa categoria de luta. Por uma educação pública, plural, inclusiva e de qualidade!”, afirmou.
O deputado Coronel Alberto Feitosa (PL) acompanhou a crítica e disse que o Governo “ilude a população” ao culpar a Alepe. Segundo ele, o Executivo já possui autorização para captar R$ 9 bilhões, mas falta eficiência na aplicação dos recursos. “Saiam daqui e vão cobrar lá na frente do Palácio, sobretudo à Casa Civil, porque o projeto do reajuste já está pautado”, disse.
A deputada Delegada Gleide Ângelo (PSB) também protestou contra a falta de quórum. “Nosso grande problema hoje em Pernambuco é a falta de diálogo com gestores e com os trabalhadores. As coisas não podem ser feitas sem diálogo”, afirmou.
Professores se reúnem com governadora
Após a sessão, os profissionais da educação acataram a sugestão dos parlamentares e foram em caminhada ao Palácio do Campo das Princesas. A governadora Raquel Lyra (PSD) recebeu uma comissão de sindicalistas e garantiu que o reajuste será pago na folha de junho, mesmo que o projeto seja aprovado após o fechamento da folha. Ela informou que o Governo está preparado para rodar uma folha suplementar em até 48 horas após a votação.

“A folha salarial vai ser paga dia 20, e nós estamos prontos para rodar uma folha extra caso a votação do projeto pelo Legislativo não seja feita até essa data. Vamos deixar tudo pronto para que em até 48 horas após a votação façamos a liberação dos recursos. Educação é prioridade para o nosso governo”, declarou a gestora.
A governadora também anunciou a antecipação do pagamento dos salários de junho para o dia 20. A medida injetará R$ 1,6 bilhão na economia, contemplando 225 mil servidores, entre ativos, aposentados e pensionistas.
A presidente do Sintepe, Ivete Caetano, destacou o avanço nas negociações com o Executivo. “A progressão com o desempenho era uma coisa que estava parada há 27 anos, e conseguimos avançar junto ao governo. São mais de 70 mil trabalhadores da educação que estão sendo contemplados”, disse.
Deputados apontam antecipação do debate eleitoral
Renato Antunes (PL) criticou o uso da pauta da educação como instrumento político. “Existem matérias que não podem ser barganhadas, e o que eu sinto hoje é vergonha, porque estou vendo a educação sendo tratada com desdém”, declarou.
João Paulo (PT) afirmou que o impasse prejudica diretamente os professores. “O cerne da discussão está ligado à antecipação do processo eleitoral. A categoria corre o risco de não ter o reajuste incorporado na próxima folha de pagamento”, disse.
Rosa Amorim (PT) defendeu os profissionais da educação e cobrou responsabilidade. “Quem sai perdendo com essa disputa é o povo pernambucano e os professores e professoras do Estado”, concluiu.
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