Um plenário vazio, 2 versões e a votação para presidência da Adagro travada

Governistas e oposição divergem sobre a causa do esvaziamento do plenário que votaria o nome de Moshe Dayan para presidir a Adagro

O clima na sessão da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) era de “festa estranha com deputados esquisitos” à espera de um quórum de 25 presentes no plenário, que não foi alcançado. De um lado, os oposicionistas eufóricos com a articulação a jato montada em 24 horas para burlar a pauta travada da casa e aprovar em tempo recorde o nome do médico veterinário Moshe Dayan Fernandes de Carvalho para assumir a presidência da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro). Do outro, poucos governistas com cara de que não entendiam o que estava ocorrendo, e jurando que não havia ordem do Palácio do Campo das Princesas para esvaziar a sessão.

A estratégia oposicionista começou  a ser desenhada na terça (20), quando anunciou reunião extra da Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCJ) da Casa para realizar a sabatina do indicado pela manhã e a votação em dois turnos à tarde. Alegaram que a gripe aviária reforçou a urgência da votação, já que a Adagro trata justamente disso. 

No entanto, alguns pontos chamam a atenção: na segunda-feira (19), o presidente da CCLJ, Coronel Alberto Feitosa, afirmou que não havia qualquer definição sobre  a sabatina, apesar de as notícias sobre a gripe aviária no Brasil já circulassem desde a sexta (16) anterior. Além disso, esta semana a Alepe foi esvaziada por causa da Marcha dos Prefeitos, o que dificultou a formação do quórum devido à redução do número de deputados. O outro ponto importante foi que a autora da indicação de Moshe Dayan, a deputada governista Débora Almeida (PSDB), não estava no Estado e não pôde acompanhar a tramitação da matéria.  

A hipótese de que o Governo teria determinado o esvaziamento do plenário, disseminada pela oposição, foi baseada no fato de que muitos governistas estavam na Alepe durante o dia, mas não foram ao plenário. A possibilidade foi reforçada por um discurso do deputado oposicionista do PSB Junior Matuto, que da tribuna da Casa disse que o assessor da Casa Civil Yuri Coriolano estaria ligando para os parlamentares, determinando que não fossem ao plenário. Fontes governistas juram que, durante a tarde, Yuri estava em voo, retornando da Marcha dos Prefeitos, em Brasília.

Plenário esvaziado e as versões

Após a sessão ser encerrada, cada lado apresentou a sua versão para o insucesso da votação. Os governistas viam uma armadilha da bancada de oposição, pois eles sabiam que a Casa estaria esvaziada, com dificuldades de ter quórum. Mas de toda a forma, dariam uma demonstração  de boa vontade, que o Governo não soube aproveitar.

Já os oposicionistas disseram acreditar que o governo teria esvaziado o plenário com receio de não alcançar o quórum mínimo para a indicação. E que tentaram entrar em contato com a líder governista, Socorro Pimentel, para garantir o número mínimo para a aprovação do nome nesta quinta (22). O problema é que as sessões das quintas-feiras são, historicamente, conhecidas por terem poucas presenças. 

Independentemente de eventuais estratégias das bancadas, o fato  é que o indicado para a presidência da Adagro, Moshe Dayan, mostrou conhecimento técnico na área. E neste momento em que há uma ameaça de crise sanitária, montar uma estratégia para enfrentar o problema deve estar acima das manobras e picuinhas de Governo e oposição. É esperar para ver se nesta quinta haverá quórum.

Foto: Roberto Soares/Alepe

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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