Uma semana depois de assumir a presidência do PT, o senador Humberto Costa afirmou que seu tempo no comando da sigla será curto e terminará no prazo de quatro meses, quando ocorrerá a eleição do novo presidente. Há quem aponte que ele estaria interessado em se manter no cargo, mas durante entrevista no Recife nesta quinta-feira (13), no Recife, Humberto garantiu que o seu foco é sua reeleição para o Senado. E ele tem razão em focar nisso.
Nas eleições de 2026, duas vagas para a Câmara Alta estarão em jogo, o que pode facilitar a vida de quem está indo para o seu terceiro mandato consecutivo no Senado, fato nunca conseguido na história política de Pernambuco. Mas não é tão tranquilo assim. Há algumas variáveis envolvidas na disputa que a torna complicada e Humberto sabe disso.
O primeiro de todos é a escolha do lado da disputa. A definição do PT no Estado passará pela nacional, pelo presidente Lula. Apesar de a tendência ser de o partido caminhar com João Campos para o Governo, em 2026, há quem não descarte uma aliança com a governadora Raquel Lyra. A bancada do partido na Alepe está aí para provar. Uma escolha errada já complica a candidatura na largada. Mas até aí tudo bem. São duas vagas e em Pernambuco já houve caso de eleger um nome em cada chapa, como em 1994, em que foram eleitos Roberto Freire, da chapa vitoriosa de Miguel Arraes, e Carlos Wilson, eleito na chapa de Gustavo Krause.
Acontece que, no próximo ano, a disputa para o Senado envolverá um outro ingrediente. A direita que conquistar a maioria da Casa. Hoje, os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro ocupam 25 cadeiras e outras 54 estarão em jogo em 2026. Para conquistar a maioria absoluta, precisam de 30, que daria poder, inclusive, de promover impeachment de integrantes do Supremo Tribunal Federal. Ou seja, depois da presidência, a disputa do Senado será prioridade da direita.
Nas eleições de 2022, o representante do bolsonarismo, o ex-ministro Gilson Machado Neto, obteve 1.320.555 votos. Perdeu a vaga para Teresa Leitão, mas mostrou que tem um público fiel, capaz de levá-lo ou o candidato apresentado pelo grupo a uma das vagas. E é nisso que eles vão focar.
O caminho de Humberto
Nesse cenário, sobraria uma vaga para todos os outros nomes. E, claro, escolher o nome certo ao Governo, aquele com maior perspectiva de vitória, fará Humberto ter um caminho mais tranquilo ou bem mais complicado. É essa equação que o petista vai se debruçar nos próximos meses. E mais. Tem que conduzir o processo sem fraturas, afinal o presidente Lula vai precisar de todo apoio na disputa, com a possibilidade, inclusive, de ter dois palanques, como ocorreu em 2006.
Assumir o comando do partido durante eleições gerais uma distração que poderia custar a sua reeleição e ele sabe disso. Por isso, essa colocação de que irá focar nas eleições de 2026. Mas, sabendo que Humberto é um homem de partido, não será surpresa se atender a um chamado para se tornar um tertius na disputa pela presidência da sigla para ajudar a controlar a sigla, diante de um impasse intenso entre as forças internas do PT. Mas aí é outra história e outros cálculos.
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