A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) começa a semana com nova configuração após a oposição assumir o comando das principais comissões da Casa, numa derrota grande para a gestão da governadora Raquel Lyra. Se a relação na primeira parte do mandato foi de altos e baixos, com direito até áudio vazado do presidente Álvaro Porto analisando de forma pejorativa o discurso da gestora no início dos trabalhos de 2024, agora, será de tensão constante, com a proximidade das eleições de 2026. Será preciso recalcular a relação com o Legislativo.
O Governo conseguiu gabaritar nos erros para a escolha da composição das comissões. A começar pelo atraso no pagamento de emendas, às vésperas da eleição interna na Alepe. Depois, confiou em quem não deveria, envolveu a gestão numa disputa interna corporis e viu a oposição nadar de braçadas na escolha dos colegiados. E pode sofrer novos reveses nesta segunda-feira (17).
Na quinta-feira (13), último prazo para a criação de blocos na Alepe, o clima era de conformismo entre os governistas. Sabiam que a articulação tinha saído do controle e que a margem de manobra era muito pequena. Dependia da mudança de posição do inconstante Romero Albuquerque. No fim da tarde, teve um alento de que ele iria mudar de posição. À noite, tudo voltou à estaca zero.
É muito ruim para uma gestão, no início do terceiro ano mandato, ainda não ter uma base firme no Legislativo. Nas contas de governistas, atualmente o Governo tem 22, 23 votos certos na Casa. Os mais otimistas falam em 30, mas talvez nem eles mesmos acreditem nesse número. A articulação da gestão precisava engolir os dissabores, fazer a leitura isenta do cenário e conversar. Na política, quem negocia de última hora, já sai perdendo, pois a outra parte sabe da importância que terá na mesa de negociações.
Negociação com a Alepe
Agora é lamber as feridas, e começar a traçar, a partir desta segunda-feira (17), como agir numa Assembleia Legislativa dominada pelos oposicionistas. Terá que fazer um balanço para corrigir onde errou e negociar, negociar e negociar. Até porque, nos próximos dois anos, o Governo vai ter que negociar no varejo, projeto a projeto, para garantir a aprovação das propostas. E mesmo assim, sem a certeza de que serão aprovados. Os dias se projetam muito difíceis.
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