O fim de semana foi de duras críticas à governadora Raquel Lyra nas redes sociais. Tudo pela resposta dada à barbárie promovida pelas organizadas do Santa Cruz e Sport, que levou pânico aos moradores da Torre, onde ocorreram os principais embates, e um misto de incredulidade, indignação e sensação de impotência do poder público em quem acompanhava pelas redes sociais. O governo errou na forma de agir, na reação e no conteúdo. O planejamento da segurança falhou terrivelmente e, após mais de quatro horas depois do tumulto, a gestão puniu quem não deveria punir, pelo menos agora.
Santa Cruz e Sport têm sua parcela de culpa? Claro que têm, pois não expulsam as organizadas da vida do clube. O Sport até tentou, em 2016, quando Humberto Martorelli encampou a briga para afastar a Jovem. Mais na frente essa proibição foi afrouxada por outras direções ao ponto de os integrantes da organizada serem flagrados, em dezembro passando, treinando boxe na sede social do clube. Parece brincadeira, mas não é. Só foi proibida depois de o episódio repercutir negativamente.
Decisão do Governo e sua implicações
Mas a punição aplicada pelo Governo, de cinco partidas sem público, atinge todo um círculo econômico que vive do futebol, dos próprios clubes, que necessitam da renda, aos vendedores de bebidas e comidas no estádio.
A bem da verdade, se fosse para punir os clubes, que o fizesse logo no dia da confusão. Que cancelasse o jogo. Não havia mais clima para a partida. Isso, sim, seria uma medida didática. “Mas poderia gerar mais confusão”, diriam alguns. Poderia, mas os integrantes das organizadas já não estariam mais estruturados, como estavam na hora do confronto. Além do que a polícia já não seria pega de surpresa (se é que ela foi pega de surpresa) e teria condições de fazer o enfrentamento.
Mas há outro culpado no episódio. É muito cômodo para a Federação Pernambucana de Futebol se eximir da culpa, decretando torcida única nos clássicos. Isso nunca resolveu, nem vai resolver. As brigas ocorrem fora dos campos, há quilômetros do local do jogo. Na pandemia, com portões fechados, houve confronto nas ruas. Ou seja, Evandro Carvalho joga para tirar a sua responsabilidade no caso.
É preciso deixar bastante claro que aqueles que se envolveram na briga na Torre são tudo, menos torcedores. Podem chamar de bandidos, arruaceiros, turma de quinta-série, que só entra numa briga se for com os seus parças juntos, tudo isso. Mas não são torcedores. E têm que ser tratados pelo que são: marginais. Nesse episódio específico, o Santa e o Sport não podem responder por algo que ocorreu a quilômetros da arena de jogo. Não é atribuição do clube cuidar da segurança da cidade.
A população esperava uma reação enérgica do Governo, revidando a baderna com ação concreta. Investigando as organizadas, indo às sedes em busca de elementos que ajudassem na investigação, responsabilizando os líderes. Enfim, dando uma resposta rápida e à altura do pandemônio que eles provocaram. Essa resposta não veio. E é preciso que seja dada o quanto antes.
Portas fechadas
Em meio ao pânico provocado no Recife pelas organizadas, uma loja na Tamarineira decidiu fechar as portas mais cedo, No sábado, às 17h30, as pessoas que faziam compras foram informadas que a loja seria fechada, temendo novos tumultos, e ficaram em pânico.
Volta dos legislativos
A Câmara do Recife, pela manhã, e a Assembleia Legislativa, à tarde, retornam nesta segunda-feira (3) ao trabalho e os tumultos ocorridos no sábado (1º) devem servir de mote para os embates nas duas Casas legislativas.
Pernambuco na liderança
Pernambuco estará bem representado em Brasília. O senador Humberto Costa será o 2º vice-presidente do Senado. Já o deputado Carlos Veras será o 1º secretário da Câmara, uma espécie de prefeito da Casa, enquanto Lula da Fonte será o 2º secretário.
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