Montar grandes coligações não é uma tarefa fácil. É difícil agradar a todos quando se amplia demais o leque de interesses e posições. O prefeito do Recife e candidato à reeleição, João Campos (PSB), por exemplo, surfa tranquilo em uma onda de popularidade. Foi lastreado nisso que conseguiu formar a maior coligação na cidade na disputa deste ano. No entanto, vira e mexe tem que responder questões relativas à sua aliança. E numa frequência proporcional ao tamanho da aliança de 12 partidos.
Num domingo solar, tudo estava dentro do script para a inauguração do comitê central do socialista. Localizado no Poço das Panelas, o local tem um simbolismo de ser ao lado da casa onde o bisavô de João, Miguel Arraes, morou e na mesma rua da casa de Ariano Suassuna. Tudo bem, tudo bom. Mas a ausência de lideranças petistas não passou despercebida e o prefeito foi questionado sobre isso logo na primeira pergunta da entrevista, após o encontro.
“A gente contou com diversos partidos aqui todas as lideranças. Inclusive eu vi os dois vereadores do PT, Jairo e Osmar, também presente. Vi de longe Raul Henry (presidente do MDB), pessoal de outros partidos que não conseguiram chegar a tempo também. É uma alegria a gente poder ver todo mundo participando. Time unido, time pronto, animado. A gente tem uma frente de 12 partidos e isso mostra uma frente ampla, uma frente democrata, uma frente que vai fazer muito pelo Recife”, colocou o prefeito.
Também foi notada a ausência de alguns líderes do PCdoB, partido do vice-prefeito Victor Marques. Mas contou com a presença do ex-prefeito Luciano Siqueira, que, na tarde deste domingo, momentos depois do evento, recorreu ao X (antigo Twitter) para uma alfinetada nos “candidatos”, sem citar nomes.
“Por mais que pretendam focar o discurso em problemas locais, candidatos e candidatas a prefeituras não podem abstrair a questão nacional e explicitar de que lado estão na luta pela reconstrução do país.”, destacou Luciano Siqueira, numa postagem às 14h18.
Procuradoro pelo marciodidier.com.br, Luciano Siqueira informou que não se referia ao discurso do prefeito, até porque nem teve como “prestar atenção por estar sendo cumrpimentado pelas pessoas presentes”, e sim a uma matéria que leu pela manhã. A questão do horário foi apenas uma coincidências.
O discurso de João
O candidato João Campos fez um discurso longo, de 19 minutos, e em nenhum momento derivou para a questão nacional. Na mesma linha, o candidato a vice na chapa, Victor Marques, só abordou a questão local.
A linha de discurso de João Campos é correta. Está na primeira posição, numa disputa tranquila, com uma gestão bem avaliada, e não teria sentido iniciar uma polarização com o adversário Gilson Machado, nacionalizando o debate.
Mas mostra que se no eleitoral navega em mares calmos, até entediantes, internamente, na aliança, há ruídos, que insistem em permanecer.
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