Raquel e as pontes com o presidente Lula

A governadora Raquel Lyra recebeu vaias no ato desta terça, mas continua a constriir pontes ccom Lula Foto: Janaina Pepeu/Secom

Em tempos de polarização, de “ou nós ou eles”, chama atenção a estratégia da governadora Raquel Lyra. Depois de fazer uma campanha em 2022 em que usou a máxima do seu partido, o PSDB, de ocupar uma vaguinha em cima do muro e evitar tomar partido entre Jair Bolsonaro e Lula, tem trabalhado, depois de eleita, para construir pontes com o Palácio do Planalto, atraindo investimentos para Pernambuco. Isso inclui os eventos no Estado, onde a plateia petista é refratária à gestora.

Foi o que ocorreu nesta terça-feira (2), durante a visita em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Recife, para anunciar um pacote de investimentos para Pernambuco.

No primeiro evento, na Ilha de Joana Bezerra, em um ambiente totalmente controlado, sob medida para potencializar as presenças do presidente Lula e do prefeito João Campos, a governadora Raquel foi e encarou o público hostil. Recebida sob vaias, seguiu discursando. O presidente Lula chegou a indicar que iria intervir para conter as vaias, mas não foi necessário.

A governadora se aproximou do petista, segurou a sua mão e o trouxe para discurso. Agradeceu ao petista os investimentos em Pernambuco, lembrou que já foi várias vezes para Brasília, atrás de recursos e obras para o Estado. Aos poucos, o público foi serenando.

No final, em meio a vaias, mais fracas que no início, ganhou aplausos. Não muito efusivos, mas recebeu.

Raquel discursa com o presidente Lula ao seu lado: construindo pontes Foto: Ricardo Stuckert/PR

Raquel e 2026

Essas parcerias entre a governadora Raquel e o presidente Lula acendem no meio político a luz de que essa relação administrativa possa evoluir para a esfera política e daí surgir uma eventual, e ainda improvável, união em 2026.

O petista, no entanto, sempre dá demonstrações de que está ao lado do possível adversário de Raquel em 2026, o prefeito e candidato à reeleição João Campos (PSB). Em janeiro, durante visita em que anunciou a Escola de Sargentos, Lula chegou ao ato no mesmo carro do socialista. Nesta visita, disse que o prefeito será um político “melhor do que o pai dele (o ex-governador Eduardo Campos) foi”.

São sinais de que a parceria PT/PSB está firme. Mas já esteve firme em vezes anteriores e os partidos tomaram rumos diferentes, como em 2014, quando o PSB, inclusive, chegou a apoiar Aécio Neves contra Dilma Rousseff. Ou no próprio impeachment da ex-presidente, quando o partido foi e é considerado como um dos principais algozes da petista.

A governadora Raquel Lyra vai observando os movimentos e cultivando a parceria com o Governo Federal. Em 2026, se não o apoio do PT, ela pode estar apostando que Lula faça como na campanha de 20 anos atrás. Em 2006, o petista subiu no palanque em Brasília Teimosa com os então candidatos ao governo Humberto Costa (PT), de um lado, e Eduardo Campos (PSB), do outro. No ato final do comício, ergueu os braços dos dois e deixou Pernambuco com o apoio de ambos. A ver os próximos capítulos até 2026.

Veja também:

No Recife, presidente Lula anuncia pacote de ações ao lado de Raquel e João Campos

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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