Márcio Didier
O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros, vem jogando um jogo que, a primeira vista, pode parecer arriscado, em uma política contaminada pelos extremos. Filiado ao PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, ele tem optado por colocar a gestão acima das rinhas políticas. Sabe o quão complexo é Jaboatão e que, para administrá-lo, não pode abrir mão de nenhum centavo.
Em um mês, ele esteve no Palácio do Planalto por duas vezes, para agendas que contou com a presença do presidente Lula, arquirrival do seu partido. Sabe que isso pode ter um rebote nas urnas, perdendo votos no bolsonarismo. Mas nessas duas visitas engordou os cofres do município com verbas essenciais para resolver problemas crônicos que levaram dor e mortes a Jaboatão.
Como em maio de 2022, quando as chuvas deixaram 20 delas em Jardim Monte Verde. Ou, ainda, o episódio ocorrido em 3 de abril passado, quando um micro-ônibus do sistema municipal de transporte, sem condições de uso, desceu uma ladeira desgovernado e invadiu uma procissão, atropelando 34 fiéis. Cinco deles morreram.
No início de maio, ele foi convidado para a solenidade do PAC Cidades, em Brasília. Saiu de lá com a notícia de que Jaboatão receberá R$ 215 milhões dos R$ 418 milhões destinados a Pernambuco (mais de 50% do total do estado), para serem usados na renovação de frota de ônibus do Sistema Complementar de Transporte (286 micro-ônibus novos serão adquiridos), em obras de contenção em encostas (R$ 45,8 milhões), urbanização e regularização fundiária.
Esta semana, mais uma vez esteve em Brasília e participou de nova cerimônia ao lado do presidente Lula e da governadora Raquel Lyra. Desta vez, foi anunciado a ampliação do valor da indenização para os proprietários de unidades nos 431 prédios-caixão com alto risco de desabamento. Desse total, 81 estão em Jaboatão dos Guararapes. Antes, eles receberiam R$ 30 mil. Agora vão ganhar R$ 120 mil.
Mano opta pela gestão
Com esses movimentos, Mano Medeiros fez uma opção clara: entre a disputa política e Jaboatão dos Guararapes, escolheu o município. Apontou que a boa política não é movida pela briga, mas pelo diálogo. Sabe que terá fortes embates mais na frente e sequelas entre os seguidores do seu partido, durante a campanha. Mas o seu relógio acompanha o calendário da vida dos munícipes, no qual a peleja da eleição só começa no fim de julho. Até lá, é olhar para os problemas da cidade.
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