O Governo penou, resistiu ao desgaste, mas no fim conseguiu aprovar o projeto que acabava com as faixas salariais dos policiais militares e bombeiros da forma como queria, com o projeto original, sem alterações na Assembleia Legislativa (Alepe). E por mais críticas que pudesse receber, e recebeu, principalmente por parte das tropas, a decisão de não ceder tinha um motivo: outras categorias virão pela frente, como os policiais civis, educação, saúde…
A proposta das faixas salariais seria uma prova de fogo. Ceder agora, seria complicar com outras categorias no futuro. Essa foi a avaliação de governistas ontem, após a votação do projeto no plenário da Assembleia.
Houve erros de articulação com e na Assembleia Legislativa. O tempo de tramitação de 63 dias foi demasiadamente longo. Abriu feridas com aliados. Tudo isso fez parte da tramitação da matéria.
Prova da desarticulação é que durante toda a tramitação da matéria foi fdito que o reajuste seria de 3,5% em 2024; 3,5% em 2025; e 3% em 2026. No entanto, na sessão que apreciava em segunda votação do projeto, o deputado Antônio Moraes apresentou outros números de reajuste. Bem diferentes, inclusive. Segundo ele, chegará a 26,77%, em 2026, para os soldados e 19,30%, em 2026, para os cabos.
Quando as coisas pareciam já bem desmanteladas, veio o freio de arrumação, a partir da criação do blocão que reuniu seis partidos. A partir daí o Governo pareceu ter uma atuação orgânica e ordenada para manter a proposta da forma como foi enviada.
Foi feito um cálculo de que o desgaste será diluído com o tempo e que os frutos positivos à imagem do Governo virão com o tempo, à medida que avance o fim das faixas e os reajustes comecem a ser aplicados.
Tranquilidade da base do Governo
A tranquilidade dos governistas na aprovação da matéria foi tanta, durante a sessão, que houve espaço até para que integrantes da base votassem favoravelmente à emenda de interstício apresentada por Alberto Feitosa e Joel da Harpa. Com o consentimento das lideranças do Governo, Fabrizio Ferraz (SD) e Renato Antunes (PL) votaram a favor da proposta dos oposicionistas. Como seguro morreu de velho, no entanto, só declararam o voto após o Governo já ter alcançado o número necessário para derrubar a matéria.
E assim o Governo pôde comemorar a vitória no primeiro confronto efetivo com a Assembleia Legislativa. De danos colaterais na casa, apenas a irritação do deputado Mário Ricardo, que dava como certa a aprovação da sua emenda que criava mais uma data para as promoções da tropa.
Coube ao vice-líder do Governo e líder do blocão, Joãozinho Tenório, um dos principais articuladores governistas na aprovação do projeto, orientar a bancada a derrubar a emenda, bem como outra de Fabrízio Ferraz. Ambas já estavam acordadas para serem aprovadas. Irritado com a postura do Governo, Mário Ricardo abandonou o plenário e não votou no projeto.
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