Márcio Didier
Certa vez, em entrevista à Rádio Folha, já no seu segundo mandato, o então prefeito de Olinda Renildo Calheiros disse que tinha a intenção de ocupar o Complexo de Salgadinho com uma série de equipamentos, entre eles um centro administrativo. Queria dar vida à entrada da cidade para fazer jus ao nome dela. Naquela época o acesso a Olinda já era feio. E, por incrível que pareça, ficou pior, quando o coqueiral ao lado da Marinha passou a servir depósito de lama, retirada do Rio Beberibe para um projeto de navegabilidade que nunca saiu do canto e afundou, como tantas outras ideias mirabolantes dos gestores pernambucanos (mas isso é outra história).
A Cidade Patrimônio Cultural pela Unesco já recebe centenas de milhares de turistas para o seu Carnaval. A prefeitura estima em quatro milhões até o final da folia. E imagino a decepção do visitante em chegar ao município. Calçadas sujas (muito disso na conta da população), com buracos imensos abertos. No Complexo de Salgadinho, de um lado a montanha de lama misturada com mato, do outro um Parque Memorial Arcoverde, idealizado para ser um centro de prática esportiva e convivência, caindo aos pedaços, que só serve para abrigar eventos privados, em determinadas épocas do ano, e professores de direção e consumidores de drogas no restante.
Não bastasse isso, o aspecto da entrada de Olinda é de uma cidade abandonada, com casas em ruínas, antigas revendas de automóveis se acabando pela ação do tempo. Ferro velho com carros amontoados sob sol e chuva. Tudo isso nem de longe lembram os casarios históricos da Cidade Alta, que encantam pela beleza e história.
Degradação humana
Com o cair da noite, o ponto mais grave. Dezenas de pessoas se juntam sob a coberta de uma loja para consumir drogas. Ali, aos olhos de todos que estão presos no engarrafamento diário na chegada do município. Isso a cerca de 100 metros da delegacia do Varadouro. Um absurdo sem tamanho.
A impressão que se tem é que o poder público jogou a toalha. Desistiu de mudar a realidade daquelas pessoas, invisíveis aos olhos do Estado (em todas as esferas).
Olinda é uma cidade que não tem como receber indústrias, por isso aposta nos serviços e tem um potencial imenso para se transformar numa máquina do turismo. Mas como atrair e fixar os visitantes no município se a primeira impressão, o cartão de visita, é a sujeira, drogas e ruínas?
Esse desastre que é a entrada de Olinda não é obra de uma gestão, vale salientar. São vários prefeitos que foram passando e se habituando com o feio. Uma triste realidade que se perpetua, infelizmente.
O márciodidier.com.br se coloca à disposição da Prefeitura de Olinda ou de ex-prefeitos para ouvir o quem têm a dizer.
Uma resposta
Falta disciplina a tds os quiosques que sem estrutura física , não tem formação para serviços de gastronomia , caminhar no calçadão tem que se acostumar com grupos de ruas , dormindo nos bancos de cemento , usuários a céu aberto .
Só saio pra caminhar após às 06:00 qdo temos policiamento na orla .