Márcio Didier
O Partido Liberal (PL) do ex-presidente Jair Bolsonaro saiu das urnas em 2022 como a maior legenda do País. Um capital que qualquer sigla gostaria ter, pois traz junto tempo de televisão e maior repasse de verbas partidárias. Mas, no caso do PL em Pernambuco, há um desafio a ser vencido nas eleições municipais de outubro, que servirão de termômetro para 2026: ir além do voto do bolsonarismo, que representou exatamente um terço do eleitorado pernambucano.
O movimento que ganhou o Brasil nas eleições de 2018 e 2022, centralizado na figura do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem dado sinais de certa debilidade em todo o País. Construído a partir do embate polarizado entre esquerda e direita, patriotas e comunistas, o discurso parece estar cada vez mais restrito aos guetos dos dois lados. É possível que com a proximidade do período eleitoral, esse discurso deixe o estado latente em que se encontra e volte a estar presente ao debate nas mesas dos bares ou nas filas das lotéricas. Mas dá sinais de esgarçamento.
Seminários
Para escapar disso, o presidente do PL, Anderson Ferreira, tem apostado em seminários regionais, o Simbora Debater, para tratar dos problemas das regiões do Estado, como uma forma de inserir o partido num discurso mais consistente, voltado para o desenvolvimento das cidades e de Pernambuco.
Como ocorreu no último dia 14, em Caruaru, que culminou no lançamento da candidatura do deputado Fernando Rodolfo à prefeitura da Capital do Agreste, situado numa das regiões do Estado em que o ex-presidente teve o melhor desempenho nas eleições do ano passado. O Agreste é um termômetro para esse momento do PL.
Em Caruaru, por exemplo, o ex-presidente Bolsonaro teve 38,49% contra 56,02% de Lula, no primeiro turno da disputa eleitoral nas eleições 2022. Ou seja, em tese, Fernando Rodolfo teria uma boa partida para tentar encaixar em uma disputa que já se apresenta polarizada entre o prefeito e candidato à reeleição, Rodrigo Pinheiro, e o ex-prefeito José Queiroz.
Mas o PL e o grupo Ferreira, que o comanda, são fortes na área metropolitana. Desta forma, o partido buscará a reeleição em Jaboatão dos Guararapes, com Mano Medeiros, e já apresentou nomes no Recife, com o ex-ministro Gilson Machado, bolsonarista de carteirinha; em Olinda, com Izabel Urquiza; no Cabo de Santo Agostinho, com o deputado Joel da Harpa; e em Abreu e Lima, com a suplente de deputado Rebeca Lucena. E o partido ainda trabalha para apresentar outros nomes, em todas as regiões do Estado.
Desafios
A todos, os mesmos desafios: o primeiro deles é reavivar a chama do bolsonarismo em suas cidades. O segundo é linkar o seu nome a esse movimento, para que possa captar essa parcela do eleitorado.
Vencidas essas duas etapas, vem talvez a mais difícil. Ir além do bolsonarismo, que conquistou exatos 33,07% do eleitorado de Pernambuco. Um bom começo para qualquer campanha, mas insuficiente para levar à vitória.
- A cada sexta-feira, a coluna Na Boca do Sapo fará a análise de como está cada partido, a menos de um ano das eleições.