PT aposta na força de Lula para ampliar número de prefeituras em Pernambuco

Márcio Didier

Nas eleições municipais de 2016, o PT estava caminhando para o auge da sua impopularidade. O impeachment da presidente Dilma no ano anterior já era o sintoma de que o antipetismo havia ganhado corpo e que aquela disputa municipal não seria nada fácil para os candidatos da sigla. Mesmo com o partido caindo os dentes, no Recife o então deputado estadual e ex-prefeito da capital João Paulo conseguiu levar a eleição para o segundo turno contra o então bem avaliado prefeito Geraldo Julio. Oito anos depois, o cenário é bem diferente. Ser petista passou a ser atrativo, principalmente no interior do Estado, onde o hoje presidente Lula tem sua maior força.

Mais prefeitos

É nesse cenário que o PT chega às eleições de 2024. A disputa municipal nunca foi o forte da legenda em Pernambuco. Nas últimas eleições, por exemplo, saiu das urnas com apenas cinco prefeitos. Dos municípios, o mais importante foi Serra Talhada, com Márcia Conrado, que hoje preside a Associação Municipalista de Pernambucano. Só para critério de comparação, em 2020, o PSB elegeu 53 gestores. Esse será o desafio do partido em 2024: ampliar o número de prefeituras em Pernambuco, fortalecendo a legenda em todo o Estado.

Números

De acordo com o senador Humberto Costa, os cálculos internos da legenda é que o PT sairá das urnas com entre 12 e 15 prefeitos eleitos. E com prefeituras importantes. Foi com esse pensamento que o partido filiou o prefeito de Paulista e candidato à reeleição, Yves Ribeiro, e o ex-prefeito de Jaboatão, Elias Gomes, ambos egressos do MDB.

A sigla também atraiu prefeitos de siglas rivais. É o caso de Gildo Dias, de Sairé, que trocou o PL, que hoje abriga o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Vice no Recife?

No entanto, no que foi o principal município comandado pelo PT, os planos da legenda são de assumir a posição de coadjuvante. Com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), bem avaliado e militando no mesmo campo político, os petistas condicionam o apoio à entrega da vice na chapa. Como o socialista é cotado para disputar o Governo do Estado em 2026, seria a forma mais fácil de voltar a comandar a capital pernambucana, pois, para disputar outro cargo, o prefeito teria que renunciar, assumindo o vice.

Imagem ou memória?

Como o prazo para a troca de legendas ainda vai até abril, é possível que outros atores ingressem no PT em vários municípios de Pernambuco, de olho na força da imagem de Lula. Resta saber como o ex-presidente chegará nas eleições municipais. Se a economia decolar, por exemplo, será um excelente eleitor. Caso contrário, é buscar resgatar nos eleitores a memória de um tempo em que o PT era um partido que unia sindicalistas e intelectuais. Que levou um metalúrgico ao principal cargo do País. E jogar para debaixo do tapete as denúncias de corrupção que levaram o partido a ser recriminado e discriminado em eleições passadas.

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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